Confins do Universo 218 - O infernal Hellboy
OUÇA
[adrotate group="9"]
Reviews

HOMEM-ARANHA # 32

1 dezembro 2004


Autores: O Incrível Homem-Aranha - J. Michael Straczynski (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);

Venom - Daniel Way (roteiro) e Paco Medina (desenhos);

Homem-Aranha/Doutor Octopus: Exposição Negativa - Brian K. Vaughan (roteiro) e Staz Johnson (desenhos).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Agosto de 2004

Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - Criaturas intergalácticas invadem Nova York, e o Homem-Aranha e seus aliados terão de contê-las antes que a cidade seja destruída. Mal sabem eles que o ataque pode ser apenas o prenúncio de uma ameaça ainda maior.

Venom - O Homem-de-Preto continua seus esforços para neutralizar a ameaça do simbionte alienígena. Mas uma dupla de mercenárias tem outros planos para a criatura, e fará de tudo para conseguir capturá-la.

Homem-Aranha/Doutor Octopus: Exposição Negativa - O Dr. Octopus finalmente consegue persuadir Jeffrey Hodjo a libertá-lo de seu cárcere. Mas o sucesso do plano depende da não interferência de um certo herói aracnídeo.

Positivo/Negativo: O retorno de Michael J. Straczynski ao mix da revista do Homem-Aranha traz uma grata surpresa. Em contraste com as fracas aventuras das últimas edições, este número apresenta uma história leve, divertida e interessante, que não cansa o leitor, nem destrata o passado do personagem.

Fugindo do tom moralista que tem marcado sua presença no título desde os atentados de 11 de setembro, Straczynski escreve uma trama à moda antiga, com muita aventura e pouca enrolação. Nada de diálogos edificantes, crises existenciais, personagens misteriosos, vilões atormentados.

O objetivo é fazer uma aventura simples e contagiante, longe de didatismos esdrúxulos ou pieguices descabidas. Uma idéia muito bem executada, apesar de ir radicalmente contra todos os princípios estabelecidos por Straczynski para seus roteiros até agora.

Chega a ser curioso o fato de o autor ter de deixar seu lado politizado de lado para, finalmente, poder conseguir escrever uma história decente. Afinal, se o Homem-Aranha é o mais humano dos super-heróis, nada mais natural que suas aventuras o retratem não apenas como um justiceiro, mas também como um cidadão preocupado.

Straczynski, porém, não vinha mostrando-se confortável ao retratar o herói sob essa perspectiva. Por isso, persistia em roteiros fracos e cansativos. Mas, nesta edição, o roteirista livra-se das amarras que impôs a si próprio e apresenta uma das tramas mais absurdas e superficiais dos últimos anos. E o resultado é positivo!

O plot parece ter sido escrito por Jim Starlin: criaturas intergalácticas - os "Sem-Mente" - invadem Nova York através de um vórtice interdimensional e começam a destruir a cidade. Os heróis, claro, intervêm, e descobrem que tudo não passa de um plano maquiavélico arquitetado por um supervilão cósmico - Dormammu, inimigo do Dr. Estranho.

Pronto, está criado o cenário perfeito para uma história totalmente escapista, com muito quebra-quebra, "efeitos especiais" aos montes e humor à la Máquina Mortífera. Straczynski não decepciona em nenhum quesito.

A mudança de estilo não é despropositada. Straczynski está preparando o terreno para a 500ª edição de O Incrível Homem-Aranha, a ser publicada por aqui no próximo mês. Consciente de que seu trabalho estava bem distante de conter a essência que tornou o herói famoso nos tempos de Stan Lee, ele optou por montar uma trama simplista, que remete mais às aventuras pueris dos anos 60 do que às complexas (e enfadonhas) histórias que vinha escrevendo.

Com isso, o arco em homenagem ao Aranha torna-se, no mínimo, mais autêntico e interessante.

Os desenhos de John Romita Jr. continuam um espetáculo à parte, mas trazem uma passagem estranha. Ciclope está entre os heróis que ajudam o Aranha a conter os Sem-Mente. Mas onde estão os outros X-Men em uma hora de calamidade como essa? E por que o personagem está usando roupa social (com gravata e tudo)? Ou o artista colocou Scott Summers na cena por sua conta e risco, ou faltou uma nota editorial explicando o porquê disso.

Se O Incrível Homem-Aranha lembra Máquina Mortífera, Venom remete a qualquer um dos últimos filmes de Steven Seagal. O título é o que de mais tosco a Panini publica atualmente. O que não impede que seja também um dos mais divertidos. Involuntariamente, é claro.

Os contornos de filme "B" que surgiram na última edição passam a marcar presença em definitivo, somando-se a elementos de novela mexicana e de seriados sci-fi de quinta categoria. O resultado dessa salada fica entre o grotesco e o ridículo, mas ainda assim palatável.

A história segue a linha do "quanto mais exagerado melhor", presente desde o começo do arco. O Homem-de-Preto (que não é homem) continua tentando deter o Venom, ao mesmo tempo em que as agentes gêmeas (que não são agentes, nem gêmeas) procuram capturar o simbionte para uso próprio.

Mulheres carecas, nanorrobôs e explosões nucleares completam a trama, que ainda deixa vários ganchos - todos forçados, nenhum interessante - para a próxima edição. Chamar a história de confusa é caridade. E essa ainda é a terceira parte, de um total de cinco.

Daniel Way, que vinha escrevendo bem por linhas tortas, perde o foco. Até agora, Venom era um bom título ruim. Mas neste número o roteirista perde a noção do ridículo e abusa demais da liberdade criativa, perdendo muito da graça. O único consolo é que o clima trash continua lá. Ou seja, a trama permanece sendo garantia de boas risadas. Nada mais.

A última parte de Exposição Negativa quebra a evolução que a minissérie apresentou nas últimas edições. Embora seja o prelúdio para o clímax da história, não empolga como suas antecessoras, trazendo clichês e uma clara falta de inspiração.

Assim como as últimas edições não tinham nada de excepcional, esta também não tem nenhum defeito sobre o qual se possa colocar a culpa pela sua ruindade. O grande problema é a pobreza no conjunto da obra. A leitura simplesmente não capta nada de interessante no roteiro, criando uma ansiedade que não é correspondida.

Pior: como o roteiro apenas "abre o caminho" para o confronto final entre o Homem-Aranha e o Dr. Octopus no próximo número, todas as passagens da aventura ficam carentes de essência, dando a impressão de que o roteirista Brian K. Vaughan está "escondendo o ouro". Ou seja, a trama nada mais é que uma sobreposição de cenas que têm seu valor na construção do enredo, mas são totalmente incapazes de esboçar alguma emoção no leitor.

A conclusão, no próximo mês, tem potencial para remediar os erros cometidos nesta penúltima parte. Resta esperar que ele não seja desperdiçado.

No geral, uma edição fraca, mas com uma virtude: nunca o mix do Aranha teve tantas histórias escapistas. É um número perfeito para ler no ônibus, no metrô, na lanchonete, e qualquer outro lugar onde o cérebro possa ser desligado sem problemas.

Classificação:

4,0

Leia também
[adrotate group="10"]
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA