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HOMEM-ARANHA # 35

1 dezembro 2005

Título: HOMEM-ARANHA # 35 (Panini Comics) - Revista mensal

Autores: O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Humberto Ramos (desenhos);

Venom - Daniel Way (roteiro) e Paco Medina (desenhos);

O Incrível Homem-Aranha - J. Michael Straczynski (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Novembro de 2004

Sinopse: O Espetacular Homem-Aranha - O Dr. Octopus tem o ministro palestino nas mãos, e promete matá-lo caso o aracnídeo não revele sua identidade ao mundo. E tal tragédia poderá deflagrar a guerra no Oriente Médio e acabar de vez com quaisquer possibilidades de paz.

Venom - As novas agentes gêmeas pretendem terminar o trabalho que suas antecessoras não conseguiram. Mas elas terão sucesso agora que o simbionte possuiu Wolverine?

O Incrível Homem-Aranha - Um singelo conto sobre um alfaiate de super-heróis traz à tona o fato de que não é preciso superpoderes para se fazer justiça, e de que grandes conhecimentos também trazem grandes responsabilidades.

Positivo/Negativo: O desfecho do arco Contagem Regressiva, em Espetacular Homem-Aranha, é divertido e eficiente, porém um tanto batido. Paul Jenkins continua com sua indiscutível verve para criar histórias instigantes e envolventes, mas, na hora de amarrar o roteiro, acaba apelando para o clichê.

O enredo inusitado que o autor desenvolveu de modo surpreendentemente bom na edição 34 (embora tenha iniciado de forma suspeita na 33), mantém as qualidades: narrativa dinâmica, personagens cativantes, uso sensato de assuntos delicados e, mais que tudo, a sensação de aventura escapista, mas provida de cérebro.

Com esses elementos, Jenkins fez a história se segurar bem no decorrer de suas longas (e talvez desnecessárias) cinco partes, sem nunca criar mais expectativas do que um gibi como Espetacular Homem-Aranha (recém-cancelado nos Estados Unidos) fosse capaz de suprir.

Pena que o fim seja tão previsível: o vilão executa seu plano mirabolante, acua o herói e confere proporções gigantescas ao seu ato; estragando tudo com sua megalomania. O clima de déjà vu é inevitável, e a sensação de frustração, também. Afinal, Jenkins conseguiu o mais difícil: transformar o "novo" Dr. Octopus num personagem realmente novo (na medida do possível) e extrair de um plot comercial uma história até interessante.

O saldo final de Contagem Regressiva é de uma história que se manteve boa até o último minuto, mas morreu na praia. Não merece o esquecimento, mas cai na mesmice, da qual não parecia nem passar perto.

A arte de Humberto Ramos, porém, mantém a qualidade. Neste número, ele arranja espaço para aplicar uma bela mistura de luzes e sombras (já vista na edição 31) durante o flash-back de Octopus (página 8 a 10). O contraste entre os tons de verde e branco com os de preto retratam o desolamento do pequeno Otto de forma sóbria, honesta e sem frieza. Visualmente, é o melhor trecho deste número.

Esta é a edição de despedida de Ramos, que assinava também as capas (a deste número inclusive). A partir do próximo mês, cada arco de Espetacular será feito por um desenhista diferente e o artista só deverá voltar em participações esporádicas. Vai fazer falta.

Junto com ele, Paco Medina também se despede da revista, ao encerrar sua participação em Venom. Mas, diferente de Ramos, não deixará saudades, pois nada no gibi do simbionte é memorável.

É preciso ressaltar, no entanto, que enquanto os roteiros de Daniel Way eram eficientes, o traço de Medina foi um complemento perfeito. Era uma união feliz entre um argumento ruim, mas bem conduzido, e uma arte tosca, porém divertida.

Quando a "qualidade" do primeiro caiu, os defeitos do segundo acabaram sendo ressaltados. A partir daí, as características de Medina (estilização mangá, onipresença da cor preta em todas as cenas, muitas ilustrações de página inteira etc.) deixaram de compor um estilo, para se tornarem apenas peças de uma narrativa ruim.

E a última parte do arco Fuga só confirma isso, numa das piores histórias já estreladas pelo Venom.

O roteiro novamente perde-se em clichês e absurdos, tornando a história cada vez mais ridícula: há clones, possessão, trajes high-tech, dezenas de frases feitas, efeitos especiais aos montes, personagens misteriosos (quem é o Homem-de-Preto afinal?), convidados especiais (alguém consegue explicar a presença de Wolverine?) e, claro, o anúncio de um novo e enigmático vilão "por trás de tudo". Se fosse filme, Hollywood estaria orgulhosa.

Pior é que, passadas dez edições, é impossível o leitor descobrir qual a conexão desse Venom com o personagem clássico das histórias do Homem-Aranha, ou com a mais recente versão do vilão, mostrada em Espetacular Homem-Aranha. É como se a revista fosse uma espécie de título da linha Elseworld no universo Marvel.

Os ganchos deixados para o próximo arco prometem jogar alguma luz sobre esse enigma, mas nem de longe inspiram o leitor a apostar alguma ficha no título.

Em O Incrível Homem-Aranha, o segundo e último intermezzo de J. Michael Straczynski traz uma história leve e simpática, continuando o clima de epílogo que o autor instaurou depois da edição 500.

Mas desta vez o autor escorrega ao desenvolver sua trama a partir da inverossímil idéia de que a maioria dos super-heróis do Universo Marvel confia a confecção de seus uniformes a um alfaiate comum, e que este atende do Thor ao Dr. Destino.

Seria um bom pretexto para escrever uma história infantil do aracnídeo, mas soa excessivamente fantasioso e até mesmo ridículo. Tudo bem, é preciso descontrair às vezes e Straczynski gosta mesmo de mexer em convenções, mas desta vez ele exagerou.

A trama, ao menos, é bem executada, embora levemente inferior à da última edição. É sensível, sem cair no melodrama e se torna um daqueles contos enaltecedores que Straczynski tanto gosta de fazer. Funciona bem, ainda mais levando-se em conta o momento atual do personagem.

O problema é a inevitável sensação de marasmo ao final da leitura. Straczynski é mestre em retratar as relações humanas dos coadjuvantes de Peter Parker, mas nem ele está imune ao tédio causado pela repetição. E, nos últimos dois meses, contou duas histórias em que o intimismo fica em primeiro plano e a ação é apenas decoração. Para um herói aventureiro como o Homem-Aranha, algo decepcionante.

Claro que, se o Aranha de Straczynski estivesse salvando o mundo a cada edição, a sensação de mesmice seria a mesma. A questão é a falta de balanceamento. Stan Lee, antigamente, e Brian Bendis, hoje, sabem combinar os dois lados do personagem sem precisar alternar entre uma história de Peter Parker e uma do Cabeça-de-teia.

Straczynski quase não se arrisca a fazer isso, o que torna a leitura maçante, pois suas tramas parecem estar acomodadas no unilateralismo.

Mas na próxima edição, os intermezzos acabam, e o lado Homem-Aranha deve estar de volta. O que, em se tratando de Straczynski, traz um calafrio, pois faz lembrar de gente como Shathra, Morlun e outros vilões esdrúxulos e desinteressantes que vêm povoando as histórias. O jeito é esperar que o autor não decepcione desta vez.

Classificação:

4,0

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