HOMEM-ARANHA # 36
Título: HOMEM-ARANHA # 36 (Panini Comics) - Revista mensal
Autores: O Incrível Homem-Aranha - Fiona Avery e J. Michael Straczynski (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);
Venom - Daniel Way (roteiro) e Francisco Herrera (desenhos);
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Colin Mitchell (roteiro) e Keron Grant (desenhos).
Preço: R$ 6,50
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Dezembro de 2004
Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - Surge uma nova e poderosa inimiga, Morwen, que pretende "apenas" destruir o mundo. Para contê-la, o herói aracnídeo precisará da ajuda de um aliado nada comum...
Venom - Após acompanhar a sangrenta trajetória do simbionte, é hora de olhar para trás e descobrir como tudo começou.
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Ao tentar roubar um banco, Octavius se depara com um rival que desafiará sua inteligência.
Positivo/Negativo: J. M. Straczynski é mesmo inconstante. Logo após recuperar-se de uma fase ruim e entregar uma série de boas histórias em O Incrível Homem-Aranha, volta a sua falta de inspiração (que, espera-se, não se torne de talento) para tratar do lado heróico do personagem. Resultado: uma trama de ação apática encabeçada por um vilão infame.
Para esse arco em duas partes (que a Panini teve o bom senso de publicar em uma edição só), Straczynski tem de novo a companhia de Fiona Avery no texto. A primeira parceria dos dois já não deu certo (Homem-Aranha 29 e 30), e esta transcende a mediocridade.
Os erros são exatamente os mesmos: situações forçadas (uma entidade arcana que ressurge após seguir o Homem-Aranha através de sua linha do tempo?), descaracterização do personagem, inserção de mais um vilão místico e grandioso (que provavelmente acabará no limbo) e muita enrolação para contar uma história insossa.
O Homem-Aranha parece um pré-adolescente metido querendo chamar atenção. Seu comportamento denota uma prepotência irritante, suas piadas são infantis, arrogantes e sem-graça; e suas atitudes refletem uma capacidade de raciocínio equivalente à do Rino. Em certo momento, Loki, o único capaz de deter Morwen, propõe um acordo e o aracnídeo simplesmente responde "não tô interessado". E isso porque a vilã estava ameaçando destruir o mundo!. Sem falar no absurdo de convidar o irmão de Thor para comer cachorro-quente.
Morwen é a filha mais nova da "fórmula" para criar vilões da qual Straczynski vem abusando há tempo demais e que nem deveria ter sido criada: a soma de personalidades sombrias, origens desconhecidas, poderes ultracósmicos e um calcanhar de Aquiles clichê. Isso sem falar em um eventual envolvimento com magia.
Nessa linha já haviam pintado Morlun e Shathra. E não deve ser o fim, já na página 27 o Aranha diz: "Eu me toquei que, ultimamente, tenho me metido muito com magia. Às vezes, sinto que estão me preparando para alguma coisa". Bate na madeira três vezes.
Salvam apenas os desenhos e a belíssima capa de John Romita Jr., que só tem mais quatro edições à frente do título.
Por incrível que pareça, Venom é o ponto alto deste número. Não pela história, que continua uma porcaria (embora levemente superior à da ultima edição), mas pela ruindade das demais. Ou seja, é sinal de que as coisas não estão bem.
Daniel Way, com seu jeito canastrão de roteirista de filme "B", acerta ao jogar alguma luz sobre a mitologia que vinha desenvolvendo. A história finalmente explica o que é e de onde veio o novo Venom. Era o mínimo que o leitor poderia querer.
Mas a trama é, de novo, descabida e forçada, com Frankies e Vics aparecendo por todos os lados e um vilão que parece o Leôncio do desenho do Pica-Pau, além da sempre providencial aparição do Quarteto Fantástico. Ao menos a história caminha em alguma direção.
Com a saída de Paco Medina, os desenhos voltam a ser assinados por Francisco Herrera, com sua arte um pouco mais suja, mas, basicamente, troca-se seis por meia-dúzia.
Curiosidade: tanto em Venom quanto em Fora de Alcance, os vilões nocauteiam o Homem-Aranha, mas não o matam. O Dr. Octopus prefere jogá-lo pela janela e o simbionte alienígena simplesmente deixa a cena. Pra dois caras que já chegaram a extremos para tirar a vida do herói...
Novamente tentando faturar em cima do filme Homem-Aranha 2, a Marvel vem com mais uma história com o Dr. Octopus como vilão. Seria aceitável se Fora de Alcance fosse uma boa trama, mas o primeiro capítulo não passa nem perto.
O roteiro de Colin Mitchell é fraco, burocrático, e se resume à montagem simplista: prólogo + cena de ação 1 + interlúdio + cena de ação 2. As seqüências de luta até são bem feitas (embora mais apropriadas para Homem-Aranha Kids), mas expõem o objetivo da minissérie: focar no público que curtiu os agitados confrontos do cinema e atraí-lo a comprar um gibi que só tem isso.
Pois das 22 páginas, 18 são de ação e apenas 4 contam a trama. Tem até uma luta em um banco, como no filme. A adrenalina vira a isca perfeita para expectadores menos exigentes.
Isso explica a escolha por Randy Green para os desenhos. Sua arte "mangalizada" e sua narrativa "bonitinha", supercolorida e extremamente limpa e carente de ousadia estão em moda no mercado americano (veja os exemplos de Takeshi Miyazawa, Clayton Henry e Keron Grant), sabe-se lá por quê.
Fora de Alcance lembra muito os Novos Mutantes (Marvel Apresenta # 11), pois também busca o sucesso através da segurança do lugar-comum. Contudo, ambas são superficiais e simplistas ao extremo, mas perfeitamente comercias. As caixas registradoras agradecem.
Classificação: