HOMEM-ARANHA # 37
Título: HOMEM-ARANHA # 37 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Daimon Scott (desenhos);
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Colin Mitchell (roteiro) e Keron Grant (desenhos);
Venom - Daniel Way (roteiro) e Francisco Herrera (desenhos);
O Incrível Homem-Aranha - Fiona Avery e J. Michael Straczynski (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Janeiro de 2005
Sinopse: O Espetacular Homem-Aranha - Peter Parker reencontra o Dr. Curt Connors, que tenta reconstruir sua vida após a morte da esposa.
Fora de Alcance - O Dr. Octopus capturou Brigham Fontaine, e agora o Homem-Aranha tentará resgatá-lo. Mas será que o jovem cientista quer ser salvo?
Venom - A estranha Corporação Ararat dá continuidade ao seu trabalho com o simbionte alienígena. Mas ao que parece, as informações sobre a criatura são o de menos para os responsáveis pelo lugar.
O Incrível Homem-Aranha - Separados fisicamente, mas unidos por seu amor um pelo outro, Peter Parker e Mary Jane aprenderão, cada um à sua maneira, que a vida ensina certo por linhas tortas.
Positivo/Negativo: Após dois longos arcos apresentando os "novos" Venom e Dr. Octopus, Paul Jenkins traz um vilão clássico do Aranha às páginas de O Espetacular Homem-Aranha, o Lagarto.
Ele é um roteirista talentoso, que trabalha bem tanto com obras autorais quanto com HQs "sob encomenda" (como está série), mas esse negócio de trazer de volta todo vilão que vê pela frente está começando a cansar. Nem o fã mais saudosista agüenta: já são 11 edições seguidas com essa temática.
O Lagarto é interessante e até candidato a aparecer no próximo filme do herói, mas só isso não justifica trazê-lo de volta. A não ser que Jenkins tivesse algo realmente espetacular na manga, ele poderia continuar no limbo, onde estava desde a mal recebida minissérie Qualidade da Vida.
O resultado é uma trama competente, divertida e envolvente, porém absolutamente previsível. E o grande perdedor acaba sendo o próprio Lagarto, um bom vilão que, depois dessa, passará mais uma boa temporada na geladeira, até alguém ter uma grande idéia para trazê-lo de volta ou, como fez Jenkins, resolva usá-lo só porque "é legal".
O artista Daimon Scott, que estréia substituindo Humberto Ramos, não faz feio. Embora seus traços sejam uma mistura indecisa entre comics estilizados e mangá, o amálgama entre os dois gêneros até funciona bastante bem. Além disso, a ótima narrativa (especialmente nas cenas de ação) e seu Homem-Aranha colorido e sinuoso também contam a seu favor.
Fora de Alcance continua o mesmo amontoado de clichês e cenas de ação sem sentido. É tão ruim e repetitivo que não há muito a se acrescentar: a trama permanece chata e apelativa; as piadas, infames; e os desenhos parecem ter saído de um livro de colorir infantil. Nada se salva. Melhor pular esta parte da revista sem grandes preocupações.
Apesar dessa mediocridade, Venom ainda é o pior título do mix. Daniel Way, mais infame do que nunca, continua tentando explicar a origem dos eventos vistos nas edições passadas. E, como era previsível, não obtém sucesso: quanto mais se aprofunda na história, mais absurda ela fica.
Sem exageros, cada explicação tem o efeito de uma pá de terra sobre quaisquer bons adjetivos que a série pudesse ter. Nunca o Venom foi tão mal-aproveitado (e ele já estrelou histórias bem ruins). Coadjuvante em seu próprio título, o simbionte alienígena virou uma espécie de fluido superpoderoso cobiçado por uma companhia multimilionária controlada por clones e ETs. Sensacional, não?
Mas espere, não ligue agora! Porque, na próxima edição, fica muito pior, e você ainda leva inteiramente de graça uma participação vexatória de Nick Fury.
Em O Incrível Homem-Aranha, J. M. Straczynski e Fiona Avery deixam a ação de lado para tecer uma trama intimista sobre relações e sentimentos... de novo!
O autor é bom com histórias do tipo, mas está recorrendo a elas cada vez mais, chegando ao ponto da saturação. É como se só se sentisse seguro com esse gênero, já que, quando se arrisca para o lado da aventura, surgem coisas como o arco da edição passada.
Como entre o certo e o duvidoso, ele prefere a primeira opção, os leitores são obrigados a encarar essa enxurrada de contos emocionais que, no fim, só repetem a mesma coisa. E as tramas, embora não sejam mal-escritas, transparecem que o título está estagnado, algo pouco aceitável para uma HQ do Homem-Aranha. Nem parece o mesmo escritor da explosiva Poder Supremo.
A história tem duas tramas paralelas, uma de Peter e outra de Mary Jane. Com ele, pouco acontece: é basicamente o Homem-Aranha intercalando seu papel de apaixonado irremediável com uma missão de "apoio moral" a um garoto carente (Jenkins já escreveu melhor sobre um tema parecido na edição 12).
Mas é Mary Jane que faz a diferença. A ruiva rouba a cena e prova que poderia segurar a trama inteira sozinha. Diferente de Peter, ela é romântica sem ser óbvia (seria o dedo da co-autora Fiona Avery?), algo que poderia ser mais bem aproveitado.
Ao final da leitura, a revista deixa uma estranha impressão: Paul Jenkins sabe fazer cenas de ação, enquanto J. M. Straczynski se dá melhor com dramas pessoais. Se fosse possível juntar os dois roteiristas em um, teríamos o autor perfeito para o Homem-Aranha.
Assim como os demais títulos da Panini, Homem-Aranha sofreu um aumento de R$ 0,40 nesta edição, passando a custar R$ 6,90. Com isso, os preços igualam-se aos de quando as revistas eram maiores, tinham capas cartonadas e possuíam melhor papel de miolo (formato usado desde a estréia da editora, em janeiro de 2002, até o começo do ano seguinte). A majoração não foi justificada na seção de cartas.
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