HOMEM-ARANHA # 38
Título: HOMEM-ARANHA # 38 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: O Incrível Homem-Aranha - J. Michael Straczynski
(roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Colin Mitchell (roteiro)
e Derec Aucoin (desenhos);
Venom - Daniel Way (roteiro) e Francisco Herrera & Sean Galloway
(desenhos);
O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Daimon Scott
(desenhos).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Fevereiro de 2005
Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - Ezekiel retorna para
alertar Peter de que sua jornada pelos caminhos da magia está chegando
ao fim. O que, ao contrário do que se poderia pensar, só significa mais
problemas.
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Brigham Fontaine desistiu
de ser salvo e se aliou ao Dr. Octopus. E se um gênio da ciência já era
ruim o suficiente, agora o Homem-Aranha terá de enfrentar uma dupla de
cientistas megalomaníacos.
Venom - A SHIELD tem Eddie Brock e o simbionte original sob controle,
enquanto a Corporação Ararat detém o novo Venom em suas instalações. Mas
fugas coincidentes prenunciam o que está por vir nesse fim do arco-prólogo
Padrões.
O Espetacular Homem-Aranha - Peter Parker continua ajudando Curt
Connors a controlar o Lagarto. Mas sua assistência dá fortes sinais de
estar sendo obsoleta.
Positivo/Negativo: No último arco de O Incrível Homem-Aranha
com John Romita Jr. nos desenhos, Straczynski traz a primeira parte daquele
que, espera-se, será o ponto final das aventuras místicas do personagem.
Consciente da saída do artista (para a revista Wolverine, ao lado
de Mark Millar), Straczynski decidiu finalizar a parceria de forma decente
- amarrando, de uma vez por todas, o grandioso plot que marcou
a passagem da dupla pelo título.
Isso significa a volta de Ezekiel e todo aquele blá-blá-blá sobre magia
e origens sobrenaturais que tanto tem sido usado no título. Exatamente
como ficou previsto na edição 35.
Então, respire fundo, agarre um pé-de-coelho e boa sorte.
Para uma temática que parecia ter potencial quase nulo e com um personagem
que esgotou todos os limites da paciência, até que o autor escreve uma
trama eficiente. Talvez porque seja o começo do arco, e a introdução peça
um ritmo mais lento; ou pelo fato da magia não ser introduzida de vez,
mas apenas citada. O certo é que a leitura agrada. Contribui também o
fato da ação ser centrada em Peter Parker, com quem Straczynski sempre
se deu melhor.
Mas com Ezekiel o clichê é quase inevitável. Na edição, sua índole é posta
em xeque e seu comportamento levanta suspeitas de que ele seja uma espécie
de "agente duplo". Era o que faltava para se tornar a versão em quadrinhos
da Oráculo, do filme Matrix. E no final, óbvio, Straczynski adiciona
outro vilão mágico à sua insossa galeria e que, assim como os demais,
deverá terminar no limbo.
Mas o melhor é se concentrar na arte. John Romita Jr., como sempre, faz
uma combinação espetacular entre belos desenhos e narrativa suave. Ele
se sai bem tanto com os cenários exóticos do começo, com a passagem no
apartamento de Peter e com os quadros que retratam Nova York à noite.
Romita é um artista completo, e marcou seu nome na história do Aranha.
Pena que não se possa dizer o mesmo de Straczynski.
Fora de Alcance chega à terceira parte com a mesma mediocridade
que marcou as anteriores. A história não passa de uma mistura mal-feita
de personagens superficiais ao extremo e uma "trama" com todos os clichês
possíveis do gênero super-herói. Merece ser ignorada.
Nesta edição, o desenhista Keron Grant foi substituído por Derec Aucoin.
E não faz diferença alguma - a arte continua tão sofrível quanto o roteiro.
Em Venom, Daniel Way mostra que é um roteirista visionário. A cada
edição, descobre como levar o título a um nível mais fundo do poço.
Na edição
36, apesar da mediocridade do roteiro, a iniciativa de, enfim, explicar
do que se tratava o novo Venom era louvável. Mas Way escreve tão mal que
até isso conseguiu transformar em um demérito. Em vez de elucidar, a trama
fica ainda mais complicada.
Dá até para fazer uma lista das perguntas que surgem no lugar das desejadas
respostas. Se Bob e o Homem-de-Preto são simulacros humanos (!) formados
pela mesma espécie de nanorrobôs (!),por que eles lutam em lados opostos?
Como Eddie Brock e o simbionte original conseguem fugir do quartel-general
da SHIELD tão facilmente? Frankie e Vic foram clonadas a partir de quem?
O que é a Corporação Ararat? E por que diabos Nick Fury tem um bonequinho
do Homem-Aranha no seu helicóptero? Virou fã?
Se servir de consolo, pelo menos sabemos que o novo Venom não é o simbionte
original, mas sim uma duplicata feita a partir de sua língua (pfff). Sabe
o que isso significa? Que esse malfadado título da linha Tsunami
é a "Saga do Clone do Venom"! Comentários são desnecessários.
Na próxima edição, Venom sai do mix temporariamente para
dar lugar à minissérie Venom versus Carnificina. Se por um lado
é um prolongamento da tortura de esperar pelo fim do título (o próximo
arco é o último), por outro é a chance de conferir uma pancadaria às antigas,
e com Peter Milligan, dos X-Táticos, no roteiro. Que valha a pena.
Em O Espetacular Homem-Aranha, Paul Jenkins precisa entender que
o uso de supervilões é um meio para se construir boas histórias, não uma
garantia de que elas acontecerão.
O autor, cansado, está há 12 edições reformando supervilões e já não mostra
disposição em escrever sobre eles. O decline é notável: com o Venom, havia
uma boa história de ação, que divertia e inseria novos elementos na mitologia
do personagem. Com o Dr. Octopus, tinha-se uma trama eficiente, mas que,
ao longo de cinco edições, terminou em clichê. E agora, com o Lagarto,
se vê apenas uma aventura mediana.
Não falta talento a Jenkins, mas a repetição, que também vem corroendo
o trabalho de Straczynski, afeta muito seus roteiros. Se O Conto do
Lagarto pertencesse a um conjunto de histórias com temáticas diferentes,
seria até divertida. Mas colocada do jeito que está, é só ruminação de
argumento, reprise do capítulo de ontem. Não há leitor que não fique enjoado
e, aparentemente, é assim que o autor se sente também.
Pelo menos, os desenhos de Daimon Scott, embora já comecem a flertar excessivamente
com a estilização mangá, salvam a leitura.
A partir desta edição, as revistas de linha da Panini inauguram
um novo design gráfico de capa. Saem as barras laterais, entram
boxes angulares e estilizados, agora restritos ao canto superior esquerdo,
cada um com um logotipo específico para o personagem em questão. O do
Homem-Aranha é um par de olhos similar ao da sua máscara. Mudança simples,
mas agradável.
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