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HOMEM-ARANHA # 39

30 novembro 2005


Título: HOMEM-ARANHA # 39 (Panini
Comics
) - Revista mensal
Autores: O Incrível Homem-Aranha - J. Michael Straczynski (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);

Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Colin Mitchell (roteiro) e Derec Aucoin (desenhos);

Venom versus Carnificina - Peter Milligan (roteiro) e Clayton Crain (desenhos);

O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Daimon Scott (desenhos).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Março de 2005

Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - O Guardião traz o caos à cidade de Nova York em sua caçada ao Homem-Aranha. E Peter descobre a verdade sobre Ezekiel.

Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - O poder subiu à cabeça de Brigham Fontaine, que está disposto a tudo para se tornar um novo supervilão.

Venom versus Carnificina - Carnificina está "grávido" de um novo simbionte, mas não tem nenhum interesse em deixar que sua cria viva. Para proteger o "neto", Venom entra em cena.

O Espetacular Homem-Aranha - O Lagarto foge ao controle de novo, e Curt Connors decide revelar toda a verdade sobre seu alter ego.

Positivo/Negativo: Dando continuidade ao último arco de O Incrível Homem-Aranha com Ezekiel, Straczynski entrega uma história divertida e envolvente, mas que não passa disso.

A trama começa com ótimos diálogos entre Peter e Mary Jane, intercalados por uma seqüência de ação ágil e bem construída. A história corre perfeita e, até a página 16, é um resumo de tudo que houve de bom durante a passagem do roteirista pelo título.

Mas quando a pretensão do roteirista entra em cena, a trama desanda. Após o Homem-Aranha ser atacado pelo "Guardião", começa uma seqüência vergonhosa, que culmina com descoberta da verdade sobre Ezekiel. Parece aqueles filmes capengas, nos últimos minutos antes do clímax, o mocinho, orientado por forças misteriosas, desvenda o mistério.

Chega a ser constrangedor observar os momentos-chave da vida de Peter narrados por uma voz profética e ver seu passado ser forçadamente traduzido em metáforas "mágicas". Ele foi escolhido para ser o Homem-Aranha porque era um "caçador sem presas"? Seus amigos, se picados em seu lugar, "sucumbiriam ao dom especial" por "não serem caçadores"? Os 40 anos de história do herói foram construídos sobre a premissa errada? Straczynski está mexendo em terreno perigoso.

Pior que isso, só o final. De todos os desfechos que Ezekiel, o primeiro aliado de Peter em tempos, poderia ter, qual o mais óbvio e batido? Qual já foi exaustivamente usado para criar "reviravoltas" em textos de ficção? Se você respondeu "mostrar suas verdadeiras intenções e revelar-se vilão", acertou.

Para o bem ou para o mal, esse arco acaba na próxima edição, amarrando um longo plot desenvolvido durante três anos.

Fora de Alcance continua ruim e arrastada. Com o desenhista Derec Aucoin, a narrativa teve uma melhora mínima e, no roteiro, Colin Mitchell desperdiça páginas com uma aventura frívola e superficial.

Dentre os muitos furos da trama, vale citar a ridícula "trégua" proposta pelo Dr. Octopus e, em seguida, a absurda parceria entre o vilão e o Homem-Aranha. Pior: na página 44, o vilão nocauteia o herói com um simples golpe na nuca (onde estava o sentido de aranha?) e, assim como na edição 36, não o mata. Lamentável.

A partir desta edição, a Panini faz um intervalo na publicação de Venom e coloca no lugar a minissérie Venom versus Carnificina, escrita por Peter Milligan.

Para um autor que revolucionou o universo dos X-Men ao criar os ousados X-Táticos, Milligan decepciona. Suas idéias nunca foram tão previsíveis e desinteressantes, e seu roteiro, tão estafante. Da anarquia que tornou famosa sua equipe mutante, até agora, nem sinal.

A história é uma coleção de bobagens. Carnificina está "grávido", quer matar a criança e Venom, o "avô" tenta impedi-lo. Como se não fosse ridículo o suficiente, outros furos tornam a trama ainda mais indigesta:

1) Antes de tudo, não era o Venom que estava "grávido", como visto na edição 31?

2) Por que Carnificina não tentou matar sua cria durante o tempo de gestação, em vez de esperar até o último minuto? Ou será que ele "ganhou barriga" da noite para o dia?

3) Se a Gata Negra roubou o quadro sozinha, para quem estava passando informações na página 58?

4) Carnificina usa o policial Mulligan como hospedeiro de seu filho sem nem tocar no sujeito.

5) Venom diz ao Homem-Aranha que está tentando impedir o novo simbionte de ser acometido por um "surto psicótico". Mas não é justamente isso que os simbiontes são? Ou será que o Venom resolveu abandonar tudo em nome de uma família feliz?

É Milligan pisando no tomate com categoria.

A arte digital de Clayton Crain segue a mesma linha. Apesar de criar designs interessantes para os personagens, o excesso de tons escuros e texturas brilhantes tornam os quadros confusos visualmente. A história se passa à noite e, às vezes, não é possível distinguir onde acaba um personagem e começa outro. E a narrativa sai bastante prejudicada.

Em O Espetacular Homem-Aranha, Paul Jenkins confirma sua recente mania de criar reviravoltas nas vidas dos supervilões e altera a história do Lagarto. Se antes o Dr. Curt Connors e seu alter ego eram indivíduos que co-existiam e se complementavam, agora, se fundem num só.

O Conto do Lagarto termina com a revelação de que Connors, querendo ou não, tinha consciência de seus atos como o vilão e, de certa forma, o usava para extravasar suas frustrações sem que ser culpado por isso.

Apesar das implicações com continuidade que isso gerará, a premissa é interessante por levantar algo que acomete roteiristas há anos: o esgotamento de idéias para criar histórias com supervilões. Nas décadas de 1960 e 1970, eles garantiam tramas aventurescas e divertidas, que mostravam o Aranha medindo forças com o antagonista da vez.

Com o tempo, porém, criar tramas sem repetir idéias passadas se tornou mais difícil, e os roteiristas se "aprofundaram" nas histórias dos vilões, em busca de elementos que justificassem sua presença.

Com isso, hoje, o Aranha conhece tudo sobre seus inimigos: famílias, origens, motivações, fraquezas. Ele se envolveu tanto que o confronto físico se tornou um mero detalhe. As lutas têm mais diálogos que ação, e o maniqueísmo inocente de antes se perdeu em meio à "coerência com a realidade" que os quadrinhos mainstream pedem desde os anos 90. A fantasia se esvaiu, e o charme dos supervilões foi com ela.

O Conto do Lagarto é isso: muita "psicologia barata" (como o próprio herói constata), pouca ação e relevância nula. Exatamente o contrário do que eram as histórias do Aranha há trinta anos. Como consolo, apenas a boa arte de Daimon Scott (erroneamente creditado como Damion).

A partir desta edição, a reprodução interna das capas originais ganha uma moldura estilizada, com as bordas do desenho em tom vermelho. A mudança é até bonita, mas agora as artes são publicadas em tamanho menor que o original.

O Hot List também ganha nova diagramação, sem trazer imagens de todos os lançamentos do mês.

 

Classificação:

4,0

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