HOMEM-ARANHA # 40
Título: HOMEM-ARANHA # 40 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: O Incrível Homem-Aranha - J. Michael Straczynski
(roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);
O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Daimon Scott (desenhos);
Venom versus Carnificina - Peter Milligan (roteiro) e Clayton Crain (desenhos);
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Colin Mitchell (roteiro) e Derec Aucoin (desenhos).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Abril de 2005
Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - No confronto final entre Peter e Ezekiel, o herói encontra as respostas para resolver o mistério sobre seu ex-aliado.
O Espetacular Homem-Aranha - Grandes poderes trazem grandes responsabilidades que, para serem assumidas, às vezes exigem a feitura de concessões. E, para enxergar essas faltas, talvez só alguém com uma privação equivalente.
Venom versus Carnificina - A dupla de simbiontes continua brigando por causa do "filho" de Carnificina, que até hospedeiro já tem. E a Gata Negra acaba se envolvendo no processo mais do que poderia prever.
Homem-Aranha/Dr. Octopus: Fora de Alcance - Os poderes de Brigham Fontaine começam a ganhar uma dimensão perigosa, até mesmo para o Homem-Aranha. Conseguirá o aracnídeo salvar o jovem antes que seja tarde demais?
Positivo/Negativo: Há pouco a ser dito sobre a última parte de O Livro de Ezekiel. A história basicamente dá continuidade ao que foi visto nas duas últimas edições e encerra o longevo plot de Straczynski com dignidade. Ainda que, como sempre, cometa alguns deslizes no caminho.
O maior, como em todo o resto do arco, é o uso de clichês. Se na última edição o autor usou um dos recursos mais batidos da ficção (aliado misterioso revela-se vilão), nesta ele lança mão de outro tão ruim quanto: o ex-aliado se resigna e salva o herói na última hora. Se sua intenção era proteger a história de críticas salvaguardando-a no lugar-comum, conseguiu. Mais óbvia do que isso, impossível.
Ao menos Straczynski seguiu direito a cartilha. À exceção do fato de a história ser igual a centenas de obras de ficção, há pouco a reclamar. O roteiro está enxuto, os diálogos bem-construídos, e os furos em número razoável. O suficiente para que o escritor recebesse nas costas um tapinha de "bom trabalho" do editor e agradasse os fãs num momento em que não podia falhar: a última edição do desenhista John Romita Jr.
E o que importa mesmo é que, por enquanto (até que alguém resolva ressuscitar Ezekiel), o leitor está livre de histórias enfadonhas e repetitivas envolvendo magia.
Mas John Romita Jr. fará falta. Se o trabalho de Straczynski foi quase sempre inconstante, o do artista compensou isso com sua narrativa perfeita, seus personagens expressivos e autênticos, suas ambientações vívidas e envolventes, suas excelentes composições de quadros. No Aranha, ele foi um artista completo. E será lembrado por isso.
É tempo de mudanças também em O Espetacular Homem-Aranha. Após 13 edições falando de supervilões, Paul Jenkins enfim vira o disco e produz uma história diferente. Mas o autor troca um recurso batido por outro: saem as aventuras descerebradas contra malucos fantasiados, entram as tramas intimistas com apelo emocional. Alguma novidade?
Clichê por clichê, Jenkins ainda se sai melhor que a maioria quando apela para a emoção. Sua história, sem título, é um libelo muito bem-escrito sobre concessões e privações, contrastando a figura de uma vítima de paralisia cerebral (presa às suas limitações físicas), à do Homem-Aranha (preso - e sujeito - às responsabilidades que assumiu como herói).
Jenkins conduz o roteiro perfeitamente, contando de forma honesta a história de Joey Beal e, ao mesmo tempo, tecendo por trás dela uma sutil trama de ação. Quando os dois enredos convergem, o que sobra é um dos clímax mais sensíveis e inteligentes dos últimos anos.
A arte pintada de Paolo Rivera é fantástica. Poucas vezes o Aranha foi retratado com tanto realismo e sob uma narrativa tão bela. Tudo funciona: composições físicas, cenas de ação, expressões faciais, sombras e, principalmente, cores. O pequeno pedaço de Nova York a que se reduz o mundo de Joey Beal vira um fantástico universo sob a ótica do desenhista, no qual as luzes do crepúsculo iluminam cada momento com a cor que lhe é mais propícia. Perfeito.
Uma história nota 10 para um título que, até agora, não merecia mais que 6.
Na metade dispensável da revista, Peter Milligan talvez seja o único autor capaz de colocar alguma graça na absurda trama sobre simbiontes grávidos de Venom versus Carnificina, mas, até agora, não mostra a que veio. Por indisposição, preguiça, ou por ser incapaz de tirar leite de pedra. O certo é que seu trabalho não rende.
De aproveitável, só a arte de Clayton Crain, agora mais clara (embora ainda bastante confusa) e permitindo ao leitor apreciar as belas curvas da Gata Negra sem empecilhos. Aliás, como a narrativa do desenhista não é das melhores, algumas cenas com a ex-vilã são verdadeiros pin-ups. E, acredite, isso é o melhor da trama até agora.
Vale um comentário sobre a última página, que prenuncia a criação de um dos personagens mais inúteis do universo do Homem-Aranha até hoje. Não bastasse Carnificina ser um vilão medíocre, freqüentador assíduo do limbo, e Venom ser a estrela de um dos piores spin-offs dos gibis, a Marvel precisava criar outro simbionte? Já dizia o ditado: um é pouco, dois é bom...
Em Fora de Alcance, um fim clichê para uma história idem. Em três páginas, o Doutor Octopus se arrepende de tudo que fez nas outras 120 e impede que Brigham Fontaine se torne um supervilão.
A cena em que Otto faz respiração boca-a-boca no jovem cientista é patética. O garoto, claro, também se redime, tornando-se grato ao mesmo Homem-Aranha a quem enganou e tentou matar algumas horas antes.
Há outros defeitos gritantes, como o Dr. Octopus novamente nocautear o Homem-Aranha e, pela terceira vez na trama, não matá-lo; ou o fato da fiação elétrica de uma máquina que opera radiação ser protegida por um simples encanamento caseiro.
Dado o nível da história, porém, são coisas que já podiam ser esperadas. O grande desafio é achar qualidades. A única é que a história acabou.
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