HOMEM-ARANHA # 78
Autores: Homem-Aranha - Amigão da Vizinhança - Peter David (roteiro) e Todd Nauck (desenhos);
O Sensacional Homem-Aranha - Matt Fraction (roteiro) e Salvador Larroca (arte);
Família Homem-Aranha - Fred Van Lente (roteiro) e Frederica Manfredi (arte);
O Espetacular Homem-Aranha - J. M. Straczynski (roteiro) e Ron Garney (desenhos).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Junho de 2008
Sinopse: O Sensacional Homem-Aranha - Mary Jane encontra um velho amigo que se revela um agente da S.H.I.E.L.D. pronto para prendê-la. Enquanto isso, Peter está em outro ponto da cidade conversando com um policial sobre se entregar e acabar de vez com sua situação de procurado.
Família Homem-Aranha - Em uma invasão a um Museu, a Gata Negra encontra Felina.
Homem-Aranha - Amigão da Vizinhança - A misteriosa enfermeira Flecha parece ser um conglomerado místico de aranhas do gênero "Ero". E ela quer usar Flash Thompson como parceiro e hospedeiro.
O Espetacular Homem-Aranha - Peter Parker contra Wilson Fisk. Sem regras, sem máscaras, dentro da cadeia até um deles tombar.
Positivo/Negativo: Esta é uma das edições mais importantes dos últimos anos de Homem-Aranha. Raramente os fãs do personagem são presenteados com uma história tão boa e memorável, imediatamente promovida para o elenco de clássicos do herói. Talvez desde a sempre lembrada O garoto que lia Homem-Aranha, os roteiristas buscassem fazer uma trama tão sensível e significativa.
Ter e Manter, de Matt Fraction e Salvador Larroca, foi considerada pela crítica norte-americana como uma reação antecipada ao arco One More Day, recentemente publicado no Brasil.
Ao contrário da decisão da Marvel, que ditou o atual caminho editorial do personagem apagando as últimas décadas de cronologia e eliminando o casamento de Peter e Mary Jane (algo que o editor-chefe Joe Quesada sempre quis fazer), a HQ desta edição homenageia toda essa tradição.
Em uma belíssima trama, tanto Peter quanto Mary Jane estão em momentos de dúvida sobre a situação atual dele como fugitivo. Por isso, ambos recordam, cada um do seu ponto de vista, da época em que começaram seu relacionamento.
Uma das grandes sacadas de Fraction é mostrar o quanto Peter é parecido com muitos leitores. Ele é nerd, tímido, cheio de problemas, desajeitado com as garotas, mas uma hora, mesmo sem saber por quê, tira a sorte grande.
Além disso, a HQ tem um ritmo perfeito e, mesmo com todo o clima saudosista, a leitura é gostosa e abre espaço até para um momento de ação, quando Mary Jane é resgatada.
E o melhor de tudo: a arte de Salvador Larroca está praticamente irreconhecível, de tão boa. Primeiro, ele fez dois traços. Um padrão, fotográfico, complexo e com mais linhas, que usa na narrativa presente; e outro simplificado, de contorno bem fino e com poucas linhas, para os flashbacks.
Evidente que um artista como ele não fica genial do dia para a noite. Por isso, tem muito mérito o colorista Paco Roca, que fez um belíssimo trabalho distinguindo os dois tempos narrativos. Merece destaque principalmente o visual retrô que criou para as cenas do passado.
Em seguida, vem uma HQ curta de uma revista que tem surpreendido: Família Homem-Aranha. Tramas simples, sem pretensão, com desenho bacana - como esta que mostra a Gata Negra brigando com a Felina. Não acrescenta nada. Mas é divertido.
Em O Espetacular Homem-Aranha, pode até ter virado clichê espancar o Rei do Crime. O Demolidor de Brian Michael Bendis fez isso quando retomou a Cozinha do Inferno e foi excelente. Agora, Peter Parker chega à cadeia para fazer o mesmo. E, de novo, é ótimo.
Tem muita coisa interessante para se analisar na trama. Pra começar, não dá para saber quem é o "mocinho" e quem é o "bandido" pelos padrões tradicionais. O Rei do Crime está impecavelmente vestido de branco, enquanto o Homem-Aranha está com um sombrio uniforme negro. É uma opção de Peter partir para a ignorância e espancar Fisk para humilhá-lo. E o herói sabe que o "respeito" que vai ganhar derrotando o Rei pouco vai ajudá-lo - ele está fazendo isso por pura vingança.
Além disso, as cenas de luta são excelentes. Cada golpe é absurdamente impactante e violento, ou seja, uma ótima história de pancadaria de super-heróis.
Já Homem-Aranha - Amigão da Vizinhança é a prova de um dos problemas de um personagem vender bem: a editora quer aproveitar isso à exaustão sem se preocupar com a qualidade. Desenho péssimo, arte-final grosseira e cores estouradas e história completamente sem pé nem cabeça.
Uma pena que essa história tão ruim esteja dentro de um mix tão bom.
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