A fase do Homem-Aranha pós-pacto místico com Mefisto começa a engrenar.

Com a conclusão do arco Assassinato de um personagem - sem que, de fato, alguém tenha morrido, como o título sugere -, foram plantadas as sementes de um futuro turbulento para o herói.

Aqui, muita ação, pancadaria e reviravoltas na trama superam as expectativas que a edição anterior havia deixado no ar.

Em Filhinha do papai, interlúdio do arco, os diálogos tensos entre Harry Osborn e Lily Hollister e as revelações que surgem lembram aos fãs de longa data os tempos da (ótima) fase da descoberta do segredo do primeiro Duende Macabro, nos anos 1980.

A sempre competente arte de Barry Kitson reforça essa sensação. E há até momentos em que seus desenhos lembram os do veterano Ross Andru, principalmente nos movimentos dos personagens em cenas de luta.

E no último quadro da HQ, em que Osborn aplica em si o soro do Duende e posa imponente sobre o planador, é preparado o terreno para o que acontecerá ainda nesta edição.

Na sequência, encarcerado na penitenciária da Ilha Ryker, o Homem-Aranha recebe a ajuda de Matt Murdock para escapar da prisão. Mas, antes da fuga, confronta praticamente toda a população carcerária da Ilha Ryker para proteger Vin Gonzales.

Quando, em seguida, o herói enfrenta o Ameaça numa luta que se
desenrola nas ruas da cidade, ele recebe a inesperada e providencial ajuda
de ninguém menos que o Duende Verde, mais uma vez encarnado por Harry Osborn.

O maior inimigo do herói salvando-o da morte só poderia ser o ponto alto da revista, apesar dos desenhos de John Romita Jr. A despeito de ele figurar na lista dos grandes nomes dos quadrinhos mundiais, mais uma vez desfilou personagens com fisionomias quase idênticas, rostos femininos feios e um Homem-Aranha "ossudo" e magricela que nem Steve Ditko ousava apresentar.

Mas vale prestar atenção na ultima página da história. O encontro entre Norman Osborn e Lily Hollister na prisão é o início de uma série de eventos que, meses depois, resultou na melhor sequência de HQs do Homem-Aranha nos últimos anos.

Por fim, Assassinato de um personagem fecha com um prólogo sem muita importância para a trama, mostrando algumas consequências dos acontecimentos até aqui, como a ira de Harry contra Lily e o Homem-Aranha e a promessa de testemunho de Vin em juízo, contra os ex-colegas de farda que participaram do caso do Assassino do Rastreador-Aranha.

Entre esses pequenos eventos, para não tirar a ação desenfreada que desfilou por toda a edição, o Homem-Aranha quase estraçalha um vilão que encontra pela segunda vez e ainda não tem nome.

Destaque para o revezamento de Fabrizion Fiorentino e Pat Ollife na arte, um com as sequências de Peter Parker, o outro com as do Homem-Aranha.