Homem-Aranha e os Campeões # 1
Editora: Panini Comics – Revista mensal
Autores: Mark Waid (Roteiro), Humberto Ramos (Desenhos), Victor Olazaba (Arte-final) e Edgar Salgado (cores) – Originalmente em Champions # 1 e # 2.
Preço: R$ 8,50
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Março de 2018
Sinopse
Alguns dos mais amados jovens super-heróis da "Casa das Ideias" se reúnem para formar uma nova equipe e provar para um mundo desiludido que a justiça deve prevalecer acima de tudo!
Homem-Aranha, Miss Marvel, Nova, Hulk, Ciclope e Viv Visão vão tentar mostrar aos justiceiros veteranos como é que se faz!
Positivo/Negativo
A Marvel ainda passa por um momento singular nos quadrinhos. Desde o fim de Guerras Secretas, de Jonathan Hickman e Esad Ribic, a editora recomeçou seu universo com a iniciativa All New All diferent Marvel, Totalmente Nova Marvel, no Brasil, trazendo para seus títulos principais muitos heróis de legado.
Foi assim que Sam Wilson, o Falcão, se consolidou como o Capitão América. O martelo Mjolnir passou a ser empunhado pela doutora Jane Foster, a nova Thor. O capacete da Tropa Nova agora é usado pelo adolescente Sam Alexander. O carismático Miles Morales virou mais um Homem-Aranha no universo regular, não mais estando restrito à realidade Ultimate. O Hulk não é mais o atormentado doutor Bruce Banner, mas sim o jovem e confiante Amadeus Cho. E o título de Miss Marvel foi adotado pela simpática inumana Kamala Khan.
Na verdade, essa construção de heróis de legado já ocorria bem antes do lançamento da Totalmente Nova Marvel. Contudo, a iniciativa da editora veio para jogar os holofotes nos jovens que estavam assumindo o manto dos seus maiores supers.
Dentro dessa proposta, os Vingadores seriam formados por Capitão América/Sam Wilson, Thor/Jane Foster, Homem de Ferro (ainda Tony Stark), Visão, Nova/Sam Alexander, Homem-Aranha/Miles Morales e Miss Marvel/Kamala Kahn.
O roteirista encarregado pelo título foi o renomado Mark Waid, que tem enorme experiência ao tratar dessa "passagem de bastão", haja vista sua famosa passagem no título do Flash, da DC, no qual trabalhou o jovem Wally West, que assumiu o manto do corredor escarlate após o falecimento de Barry Allen, no evento Crise nas Infinitas Terras.
No entanto, o dinamismo dos quadrinhos recentes é enorme, e os Vingadores de Waid se dissolveram após os eventos de Guerra Civil II, malfadada megassaga escrita por Brian Michael Bendis e encerrada no Brasil em março de 2018.
Essa história trouxe outro conflito que dividiu a comunidade de superseres, gerando muita destruição e várias consequências que os heróis mais velhos preferem ignorar, em vez de fazer a diferença num momento que clama por mudanças.
Foi essa a ideia de Waid para este novo título mensal brasileiro: Homem-Aranha e os Campeões.
Com o intuito de fazer diferente dos heróis mais velhos, Miss Marvel forma uma equipe que busca resolver problemas reais, mudando o mundo em vez de entrar no eterno ciclo de lutar entre si, como vinha desde a primeira Guerra Civil.
É inegável o carisma dos heróis envolvidos nesta primeira edição. O texto de Waid traz na leveza dos diálogos e na agilidade da trama uma história que serviria para novos e antigos leitores conhecerem os sucessores de Homem-Aranha, Miss Marvel, Nova e Hulk. A equipe ainda conta com a presença de Viv, a filha do Visão, criada na passagem do roteirista Tom King pelo título do vingador.
Apesar dos bons diálogos e da trama se desenvolver com uma pegada otimista, do ponto de vista de adolescentes que querem mudar o mundo, há muitos escorregões. O principal é a presença abrupta do jovem mutante Ciclope (trazido do passado quando Brian Michael Bendis escrevia os X-Men).
A presença do herói na equipe é colocada como um mistério até mesmo no texto da editora Carol Pimentel, mas como ele está estampado na capa da revista, ficou meio inútil qualquer surpresa desenvolvida.
Ciclope aparece de súbito na trama, já que, literalmente, encontra os outros heróis acampando no meio de uma floresta. É uma ponta solta do escritor que poderia encontrar outros meios de o personagem integrar a equipe dos Campeões.
Vale notar ainda que o nome do grupo surge de repente, sendo mais uma denominação do público do que uma autointitulação dos heróis. Os Campeões originais eram formados por Homem de Gelo, Viúva Negra, Hercules, Motoqueiro Fantasma e Anjo, que são homenageados na capa de Mark Brooks escolhida para a revista brasileira. Só que a Panini, erradamente, atribui a arte ao desenhista regular da série, Humberto Ramos.
No miolo, os traços do mexicano Humberto Ramos seguem despertando amor e ódio entre os leitores da Marvel, desde o tempo em que fazia o Homem-Aranha. É inegável que seu desenho transmite movimento e é bom em momentos de ação. No entanto, devido à sua natureza cartunesca, muitas vezes ele ignora questões anatômicas dos personagens, em especial do Hulk.
A edição brasileira traz ainda capas das edições originais produzidas por Humberto Ramos e Skottie Young, e as versões de Mark Brooks e Alex Ross.
Apesar de o título nacional se chamar Homem-Aranha e os Campeões, as histórias do Aranha Miles Morales, escritas por Brian Michael Bendis, só começam na edição # 2, pois a primeira é toda dos Campeões.
Vindo de um sucesso estrondoso nos Estados Unidos (a primeira edição vendeu 328 mil exemplares por lá), os novos Campeões estreiam com uma trama puramente juvenil, e ideias otimistas para mudar o mundo. Mas se pode esperar um aprofundamento nos personagens e suas características como heróis de legado,.
Eis um gibi de leitura rápida e agradável, mas ainda com pouco aprofundamento (algo que deve acontecer com o passar das edições, já que esta é uma assinatura do trabalho de Mark Waid). Mesmo assim, faz o leitor querer acompanhar os jovens heróis em suas desventuras no futuro.
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