HOMEM GRAVIDADE ZERO
Editora: Jaboticaba - Edição especial
Autores: Leo Slezynger e Filippo Croso (roteiro), Kris Zullo (desenhos), Robson Moura, Rosana Valim, Kris Zullo e Felipe Gressler (arte-final) e Vanessa Reyes (cores).
Preço: R$ 39,90
Número de páginas: 136
Data de lançamento: Junho de 2010
Sinopse
Boj é um botânico sonhador que, insatisfeito com a civilização atual, se embrenha nas florestas do Peru. Lá, conhece um xamã e entra em outra dimensão espiritual.
A experiência dá margem a encontros sobrenaturais e ao descobrimento de mistérios do ser humano e de realidades paralelas.
Positivo/Negativo
Quem lê o prefácio deste álbum, assinado pelo bibliófilo e editor Pedro Corrêa do Lago, e o texto de quarta capa, do navegador e escritor Amyr Klink, pode achar que trata-se de um grande lançamento do quadrinho nacional em 2010. Não é o caso.
Isso porque a intenção foi boa, mas a execução...
Logo nas primeiras páginas, fica nítido que o filósofo e literato Leo Slezynger pode até escrever bem, mas parece desconhecer a mídia história em quadrinhos. O texto não flui, não deixa ganchos ao final das páginas, não "fisga" o leitor.
No release de divulgação, a história foi apresentada como tendo "um tom assumidamente filosófico". Por isso mesmo, precisava ser atrativo. O tema é até interessante, mas faltou desenvolvê-lo. Por vezes, o leitor sente que havia aqui ou ali vários pontos que renderiam mais, mas acabam abandonados. A trama fica parecendo "viajandona" demais e atrativa de menos.
O desenho de Kris Zullo, que é bom e segue um estilo mais europeu, de linha clara, poderia dar um up na trama, mas não consegue. Em diversas passagens, a obra se assemelha a um livro ilustrado, não a uma história em quadrinhos. Há até bons enquadramentos, mas faltou ousar na arte, na narrativa e na diagramação das páginas. O tema permitia isso.
Além disso, muitas vezes, o traço de Zullo retrata exatamente o que o texto diz. Essa repetição desnecessária poderia - e deveria - ter sido evitada no trabalho de edição.
Pior é na página 21, quando o texto diz que Boj tropeçou numa pedra, mas a imagem mostra o pé numa raiz e o personagem caindo sobre uma pedra.
Realmente, a edição de Homem Gravidade Zero carece de esmero. Nos créditos do álbum, por exemplo, consta que o alpinista Filippo Croso, ex-editor da revista Headwall, especializada em escaladas, corroteirizou a obra, mas, na capa, só o nome de Slezynger aparece. Nem o do desenhista está lá.
E as mancadas continuam na revisão. Há vários errinhos de pontuação e algumas mancadas, como "boas vindas" sem hífen (página 18) e "exergam" (p.57), "onde" no lugar de "em que", hifenizações erradas ("el-ementar, p. 50, e "plan-eta", p. 55).
Ao término da leitura de Homem Gravidade Zero, a sensação que fica é que o tema poderia, sim, render uma boa HQ, mas faltou aos autores saber como fazer isso.
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