HOMUNCULUS # 1
Autor: Hideo Yamamoto (texto e arte).
Preço: R$ 9,90
Número de páginas: 256
Data de lançamento: Abril de 2008
Sinopse: Nakoshi é um jovem misterioso que vive nas ruas. Sem dinheiro, mas sempre trajando um terno, dorme em um carro compacto, longe dos demais sem-teto.
Um dia, recebe uma proposta de Manabu Ito, um estudante de medicina filhinho de papai: ser cobaia de uma experiência que envolve uma trepanação para investigar se, de fato, um buraco no crânio pode gerar o sexto sentido em um ser humano.
Positivo/Negativo: Homunculus é um dos mangás que compõem
a nova leva de títulos orientais da Panini. Junto com Seton,
integra o grupo destinado a leitores mais adultos.
De certa forma, a série não tem nada de mais. O desenho, por exemplo, não é brilhante. Tem bons momentos, como a caracterização do rosto esquisito de Manabu Ito, com olhos pequenos e afastados, nariz achatado e lábios grossos. Noutros, peca pelo excesso, como se vê na página 94. Mas, na média, o traço de Yamamoto é apenas correto.
A técnica narrativa do mangaká também não surpreende. É competente, bem cuidada, mas sem grandes arroubos.
O ponto forte de Homunculus é justamente a história. É ela que faz o mangá merecer a atenção do leitor, e que deixa o título como um dos lançamentos mais interessantes do ano até aqui.
Yamamoto acerta em cheio ao escolher como tema central a trepanação, uma cirurgia antiqüíssima, conhecida por várias culturas, envolta em enigmas, mas que a medicina tradicional garante que não causa nenhum resultado prático. O autor usa um elemento da vida real, tão palpável quanto os crânios trepanados expostos em museus, para criar uma trama de mistério fascinante, na qual se pode duvidar de tudo.
O estudante Manabu Ito, que promove a experiência, nem sequer acredita que a cirurgia pode liberar o sexto sentido de um ser humano. Ele apenas quer ter uma prova cabal da inutilidade de se perfurar um pedaço do crânio.
Quando Nakoshi começa a experimentar sensações estranhas, não fica claro o que está acontecendo: é imaginação, conseqüências neurológicas da cirurgia ou, de fato, o sem-teto ganhou acesso a um mundo espiritual?
O primeiro volume, porém, não dá nenhuma resposta. Pelo contrário: deixa ainda mais questões em aberto, em especial no que diz respeito aos dois protagonistas. Quem é Nakoshi e por que ele mora na rua? Por que Ito está tão interessado na trepanação?
A julgar pelo desfecho deste capítulo, ainda vai demorar para o leitor trombar com alguma resposta. Mas a jornada vai ser tão tensa quanto fantástica.
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