HOMUNCULUS # 3
Autor: Hideo Yamamoto (texto e arte).
Preço: R$ 9,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Agosto de 2008
Sinopse: Depois da experiência com trepanação, o jovem médico Manabu Ito começa a revelar suas hipóteses à cobaia, Susumu Nakoshi.
Os homunculi são, para ele, representações de emoções e mágoas de feridas do passado. O que Susumu enxerga ao fechar os olhos não é alucinação, portanto, e sim representações que sua própria mente cria a respeito dos traumas alheios.
Com as conclusões da pesquisa, Manabu já pode cumprir seus objetivos: seduzir uma jovem que seja uma legítima representante da nova geração.
Positivo/Negativo: A pseudociência tem sido aliada da boa ficção há séculos. Pode-se pensar desde autores clássicos como o francês Julio Verne (Da Terra à Lua) até fenômenos recentes, como as séries Lost e Fringe, de J.J. Abrams.
Nos quadrinhos, os super-heróis são alicerçados em pseudociência para dar conta de explicar o inexplicável de seus poderes estapafúrdios.
Ao forçar os limites da ciência, Homunculus tem se mostrado um dos mangás mais intrigantes do ano por nossas bandas.
Seu terceiro número é o melhor até agora.
O motivo é simples: até agora, não era possível afirmar com certeza o que estava se passando com Susumu Nakoshi. O jovem podia estar alucinando, recebendo ondas de telepatia, tendo visões xamânicas - enfim, qualquer explicação bizarra valia.
Mas, no começo desta edição, o jovem médico estabelece os limites do fenômeno paranormal provocado pela trepanação: é uma mistura improvável de psicanálise com neurociência.
Daí para frente, as regras da trama passam a ser mais estreitas. O que Susumu vê ao fechar o olho direito é uma soma dos sinais que lhe são comunicados com a percepção causada pelo seu próprio inconsciente. E, no fim das contas, uma improvável vinda à tona do confronto de dois inconscientes.
Soa bizarro, sim. E é desse diálogo que Homunculus se alimenta.
A trama deixa se levar pelo diálogo. Afinal, o inconsciente é justamente a parte do ser que não é controlável. O autor, então, dá fluxo às possibilidades da situação que criou e não se abstém de levar o conflito a novos limites.
O grande exemplo disso é a jovem colegial que se exibe num estabelecimento que acolhe fetiches. Com o olho direito coberto, Susumu a vê como uma mulher de areia, uma mutante em eterna ebulição que se adapta a qualquer ocasião.
Na arte de seu criador, a menina de areia ganha formas alucinantes, se contorce, se desmancha e renasce parindo a própria cabeça em si mesma.
São imagens fortes - e não apenas no sentido de chocar o leitor, mas também do peso mítico que evocam.
Afinal, as visões não são unilaterais. Para analisar, Susumu precisa se analisar. Ou, na prática, para ver a sedutora garota de areia, ele precisa de uma garota de areia dentro de si mesmo.
A trama de Homunculus é uma exploração da alma humana - e a série é um convite para que cada leitor veja a si mesmo, trepanado, olhando os outros e, por tabela, mergulhe em si mesmo.
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