Autor: Hideo Yamamoto (texto e arte).

Preço: R$ 9,90

Número de páginas: 200

Data de lançamento: Dezembro de 2008

Sinopse: Manabu Ito e a garota de areia têm uma conversa, em que o médico usa suas teorias para levar a jovem a fazer sexo com ele.

Sempre por perto, o trepanado Susumu Nakoshi observa a tensão entre os dois aumentar.

Positivo/Negativo: O mangá Homunculus não está dentre os títulos mais comentados do gênero - e provavelmente está distante dos mais vendidos.

Seu número de estréia, embora competente, não deu conta de mostrar tudo o que viria pela frente.

Suas edições têm sofrido atrasos constantes - o expediente desta quarta edição registra a data de publicação de outubro, mas a verdade é que a revista só chegou às bancas no começo de dezembro.

Além disso, não tem chamado muita atenção da imprensa não-especializada, mesmo que seus profissionais estejam cada vez mais ligados no que acontece de bom nos quadrinhos.

Ainda assim, com um bom punhado de percalços, Homunculus é um dos melhores títulos regulares em circulação no Brasil atualmente e uma das mais gratas surpresas do mercado nacional em 2008.

Sua arte, embora de vez em quando recaia em alguns clichês do gênero, é rica e elegante, capaz de criar uma narrativa envolvente.

Mas é o roteiro, baseado em pseudociência (como séries como Lost e Fringe), que fascina. Não só pelo tema, mas principalmente por conta da alta qualidade da trama, que é criada a partir de uma trepanação.

Esta quarta parte, por exemplo, é alicerçada por um diálogo entre dois jovens - Ito e a garota de areia. Mas é uma conversa tensa - e cuja tensão vai aumentando enquanto as páginas são viradas. Contribui para a longa cena a visão de Susumu após a trepanação - que o tornou capaz de enxergar metáforas visuais a partir do inconsciente dos observados.

É sob esse contexto que surge uma cena brilhante: prestes a ceder à proposta de sexo do médico, a garota de areia agarra um ursinho de pelúcia. Mas, na visão de Susumu, a situação se inverte: um urso de dimensões humanas aninha nos braços uma pequena menina, fragilizada, arrasada.

A cena dura apenas um punhado de páginas. Mas deixa Homunculus entre os títulos mais perturbadores do ano.