Horácio e seus amigos dinossauros - Volume 1
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autor: Mauricio de Sousa (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 51,00
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Fevereiro de 2013
Sinopse
Após nascer de um ovo abandonado ao sol, o tiranossauro Horácio tenta encontrar uma família, vivendo diversas aventuras.
Positivo/Negativo
Horácio faz parte do rol de personagens de Mauricio de Sousa que começaram como coadjuvantes e acabaram ganhando status de principais - como a Mônica ou o Chico Bento. No caso, ele apareceu pela primeira vez nas tiras de jornal do Piteco, em 1963. No mesmo ano, passou a estrelar suas próprias páginas dominicais.
Este primeiro volume de uma série que pretende publicar todas essas páginas (que leva o mesmo nome de outro álbum do personagem, publicado em 1993 pela Editora Globo) serve também para comemorar esses 50 anos.
Mais do que isso: permite ao leitor conhecer essa obra fundamental das histórias em quadrinhos brasileiras, já que essas páginas não eram vistas havia décadas - várias desde sua publicação original.
Algumas foram, isso sim, redesenhadas para serem adequadas às páginas das primeiras edições da revista Mônica, no começo dos anos 1970 (revisitadas recentemente graças à Turma da Mônica - Coleção Histórica).
Mas o álbum traz de volta os quadrinhos originais, com o traço menos suave que marca o Mauricio dos anos 1960 e um Horácio de pescoço comprido, mas que foi encurtando com o tempo. O que também foi sendo encontrado ao longo da série foi o tom das histórias.
A primeira ainda é uma piada de uma página. Mas logo elas vão ganhando corpo e Mauricio passa a ter páginas seriadas, com histórias que chegavam a durar meses - a mais longa do primeiro volume levou 19 semanas.
O tom também migrou rapidamente do humor simples e direto, temperado com alguma melancolia, para o mistério. Em entrevista a este resenhista, o próprio Mauricio explicou que isso não foi algo pensado, mas ele tinha que fazer rápido as histórias e elas foram sendo criadas e resolvidas assim - com uma boa dose de ousadia.
Não é absurdo imaginar, portanto, que há aí a influência das páginas dominicais seriadas clássicas - como Flash Gordon ou Tarzan, muito mais comuns para séries de aventura que de comédia.
Assim, da solidão algo chapliniana do Horácio, ele de repente se vê enroscado por uma dinossaurinha casadoira (a estreia da Lucinda, que depois foi separada dessa “origem” - a história apareceu redesenhada em Mônica com outra dinossaura no “papel”). Depois, são árvores que ganham consciência e planejam a dominação do mundo, observações sobre o futuro papel dos seres humanos na Terra, o encontro com os Napões que desejam ser devorados por falta de emoção na vida e até robôs alienígenas que o levam ao espaço.
Duas situações chamam especial atenção. Em uma delas, Horácio pensa que é um mastodonte e encara fantasmas da espécie que o discriminam defendendo sua “pureza racial”. Uma inesperada alusão - consciente ou não - ao nazismo (que, vale lembrar, estava aterrorizando o mundo 20 anos antes).
Na outra, o dinossaurinho é levado a vislumbrar o futuro de sua raça através de uma neblina mágica - uma das mais desconcertantes histórias de Mauricio de Sousa.
A edição em capa dura valoriza ainda mais o reencontro - para a maioria dos leitores, o primeiríssimo encontro - com essas histórias clássicas. Neste primeiro volume, elas vão de 1963 a 1965 - apenas dois dos mais de 30 anos de publicação do Horácio. Que os próximos volumes não demorem tanto para serem lançados.
Classificação