Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Indeh – A story of the Apache wars

23 dezembro 2016


Indeh – A story of the Apache warsEditora
: Grand Central Publishing – Edição especial

Autores: Ethan Hawke (roteiro) e Greg Ruth (arte).

Preço: US$ 25,00

Número de páginas: 232

Data de lançamento: Junho de 2016

Sinopse

Durante as Guerras Apache, quando os nativos norte-americanos foram obrigados a ficar confinados nas reservas, dois grandes guerreiros se rebelaram: Cochise e Gerônimo.

Os dois incentivaram outras tribos da Nação Apache a lutar por suas terras e seu povo, até uma aliança ser forjada com os brancos.

Positivo/Negativo

Verdadeiros genocídios foram realizados nas Américas em nome da civilização e do progresso.

O homem branco europeu queria aquela terra nova somente para si. Chegou e se apossou de um espaço que antes era compartilhado por uma população nativa, que não entendia a natureza como propriedade privada.

A história oficial adjetivou os indígenas como “preguiçosos, sujos, indolentes, selvagens”, legitimando o uso da força para educá-los e torná-los subservientes. Aqueles que resistissem, seriam exterminados.

O discurso vitorioso do herói colonizador, antes tido como “a história verdadeira”, há alguns anos passa por um processo de revisionismo deveras salutar, no qual são buscadas fontes que narram diversos fatos históricos pela vertente dos oprimidos.

Os quadrinhos são uma ótima maneira de popularizar esse revisionismo. E no tocante às lutas travadas entre brancos (colonos e soldados) e nativos norte-americanos, a graphic novel Indeh – A story of the Apache Wars é uma pequena obra-prima, questionando a pecha de “vilões”, atribuída à Nação Apache, amplamente difundida pelos filmes de faroeste.

O ator Ethan Hawke (Boyhood), após se debruçar em anos de pesquisa para escrever um roteiro sobre as Guerras Apache (que aconteceram na segunda metade do Século 19) – tendo como guia o livro Once They Moved Like The Wind, de David Roberts –, recontando-as pelo viés dos nativos e focando no grande Chefe Cochise, no seu filho e herdeiro, Naiches, e no guerreiro Goyahkla (mais conhecido como Gerônimo), não conseguiu receber sinal verde de nenhum estúdio para a produção do filme. Logo, resolveu apostar nas HQs para contar a história que desde criança o fascinava tanto.

Hawke procurou o desenhista Greg Ruth (Conan – Nascido no campo de batalha), que não só topou encarar o projeto, como o abraçou com seriedade, ajudando-o a fazer mais pesquisas, e incentivando-o a reescrever partes do roteiro para enquadrá-lo na nova mídia.

Indeh retrata vários dos confrontos entre soldados e nativos norte-americanos, na década de 1870, quando a ordem do Presidente Ulysses S. Grant era para que os soldados convencessem os indígenas a ficarem confinados dentro das reservas – a medida foi necessária após mineradores terem encontrado ouro no território de Ojo Caliente, no Novo México, valorizando as terras sagradas que eram o lar dos Chiricahua.

Antes disso, porém, há duas importantes sequências: a primeira mostra os Chiricahua lutando contra os mexicanos, que haviam destruído boa parte do acampamento deles, assassinando toda a família do guerreio Goyahkla.

E a segunda traz o rapto da família do Chefe Cochise, pelo então Coronel George Bascom, exigindo que os Chiricahua devolvessem o filho de John Ward e os cavalos que haviam roubado, mesmo Cochise afirmando nada ter a ver com o acontecido – isso prepara o leitor para o restante da trama, enfatizando que os nativos, desde o princípio, agiram em reação às crueldades dos brancos e cria um elo empático do leitor com Goyahkla, ao entender e presenciar sua transformação em Gerônimo.

Para garantir a fluidez da leitura, Hawke optou por uma ficção histórica em vez de uma narrativa com pegada didática, suprimindo datas e subdividindo a trama apenas com os locais e os nomes dos principais atores em destaque na cena e/ou sequência.

Além disso, a violência é pontuada por alguns momentos poéticos, dentre eles as parábolas que abrem e encerram a trama, fazendo referências a mitos e lendas Apache, como também na triste narração em que os índios deixam de se autodenominar “Indah” (aquele que vive) e passam a ser “Indeh” (aquele que morre).

O texto de Hawke ganha vida na extasiante arte realista e expressiva, com pinceladas em vários tons de cinza, de Greg Ruth, que soube extrair toda a profundidade e beleza dos planos gerais, não devendo em nada ao diretor John Ford (sim, há quadros belíssimos tendo como cenário o Monument Valley).

A arte de Ruth é tão detalhista e dinâmica que parece enganar os sentidos do leitor, fazendo com que se escute o som de tiros, flechas, gritos, relinchos dos cavalos...

A edição de Indeh – A story of the Apache Wars é caprichada: capa dura, sobrecapa, papel couché de alta gramatura, trazendo prefácio do artista Apache Douglas Miles e posfácio de Ethan Hawke, além uma bibliografia rica sobre o tema.

Desde seu lançamento, Indeh se manteve por seis semanas consecutivas na lista de best-sellers do The New York Times.

Classificação

5,0

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