Inferno # 1
Editora: DC Comics – Minissérie em quatro edições
Autores: Stuart Immonen (roteiro e desenhos), Wade von Grawbadger (arte-final) e Tom McCraw (cores).
Preço: US$ 2,50
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Outubro de 1997
Sinopse
Inferno é a super-heroína de um futuro distante, perdida no Século 20, sem propósitos ou perspectiva de vida definidos. Ela se separou de seus colegas da Legião dos Super-Heróis e, buscando conforto num shopping center, encontra novas amizades, desafetos e um oponente implacável que pode redefinir sua existência.
Positivo/Negativo
A aposta da DC numa minissérie assinada por um artista de talento com uma personagem secundária da Legião dos Super-Heróis pode parecer despropositada, a princípio. O mundo simplesmente não se importa com uma adolescente inflamável conhecida como Inferno, e isso inclui a grande maioria dos fãs da equipe futurista.
Mas a evolução da indústria dos quadrinhos envolve pessoas que acreditaram no inusitado, e foi assim que surgiram clássicos como o Homem-Animal de Grant Morrison, e a mais recente Gotham City contra o crime, estrelada pelos policiais da cidade de Batman.
Com texto e arte do talentoso Stuart Immonen, as quatro edições de Inferno apresentam uma história envolvente, ainda que apresentando seus problemas, coadjuvantes simpáticos e uma fluência narrativa que impressiona. A esquentadinha não foi alçada ao posto de estrela do Universo DC, e a própria Legião encarou mais reboots ao longo dos anos, mas vale refletir sobre os acertos e erros da minissérie.
Inferno toma como ponto de partida as aventuras da Legião dos Super-Heróis situadas após a saga Zero Hora, quando a cronologia do grupo recomeçou do nada, especialmente do momento em que vários de seus membros acabaram perdidos no Século 20.
A loira surgiu como uma meta-humana da equipe rival ForceWorks, sociopata e com jeito de poucos amigos. Por força das circunstâncias, acabou vivendo aventuras ao lado da Legião, mas nunca gostou muito da companhia dos colegas uniformizados.
Logo separou-se do grupo e decidiu buscar o próprio caminho. É a partir daí que engrena a trama conduzida por Stuart Immonen, em capítulos que praticamente se escrevem sozinhos e com foco numa personalidade difícil.
Uma grande sacada foi a apresentação das imagens de capa, com chamadas ao estilo de revistas para adolescentes, como Capricho e Seventeen. Sem dúvida, uma forma criativa de atrair a atenção nas estantes de comic shops.
Por outro lado, se Immonen é um ilustrador de talento evidente, como escritor mostra deficiências. Sua história transcorre com naturalidade, um ponto positivo, mas faltam as grandes ideias e diálogos afiados que fariam a diferença. Sobretudo nas aventuras de jovens perdidas na vida curtindo um shopping center, as situações revelam-se comuns e previsíveis.
Não é para menos que, ao assumir o roteiro da série Adventures of Superman, tempos atrás, Immonen recrutou um Mark Millar antes do estrelato que turbinou suas histórias. Inferno também teria se beneficiado de um coautor, embora a boa arte de Immonen ainda seja de encher os olhos.
Nos anos que se seguiram, Inferno amargou participações como vilã na revista dos Novos Titãs, já que acabou não regressando para o futuro. A Legião dos Super-Heróis perdeu uma coadjuvante de valor, e o trabalho de Stuart Immonen na psicologia da heroína relutante ficou esquecido. Sua minissérie não rendeu frutos. Portanto, deve interessar apenas aos fãs mais dedicados do autor ou dos personagens. Mas é um exemplo concreto de uma linha editorial que não hesita em correr riscos.
Classificação