Título: INU-YASHA # 21 (Editora JBC) - Revista mensal

Autores: Rumiko Takahashi (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 4,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Janeiro de 2004

Sinopse: Na primeira parte desta edição, há a conclusão da aventura iniciada no número anterior. Inu-Yasha e seus amigos chegam a um vilarejo, onde as pessoas são obrigadas a sacrificar crianças para um misterioso Deus da Água.

Mas quando chega a vez de sacrificar seu filho, o chefe tenta enganar a criatura, enviando um servo no lugar. Acontece que o menino escolhido é amigo de seu garoto, que vai tentar salvá-lo, por se sentir culpado. Nisso, achando que se trata de um youkai disfarçado de Deus, Inu-Yasha & companhia resolvem intervir.

Na outra metade, começa um arco que tem o monge Mirok como protagonista. Amaldiçoado pelo youkai Narak, ele possui na palma da mão um vórtice dimensional que suga qualquer coisa, chamado Buraco de Vento.

É excelente como arma, mas se o demônio não for encontrado e morto um dia, o Buraco aumenta até engolir a pessoa.

Pior: a maldição é hereditária. Mirok herdou-a do pai, que já a havia "ganhado de presente" do avô. Pra tornar as coisas mais dramáticas, um monstruoso Louva-a-Deus conseguiu ferir a mão do monge, obrigando-o a abandonar seus amigos para reencontrar a única pessoa que pode lhe fazer um curativo, seu antigo mestre e pai adotivo.

Positivo/Negativo: Inu-Yasha é uma obra atípica dentro do currículo de Rumiko Takahashi, uma especialista em comedias românticas cheias de pancadaria e confusões, como Ranma 1/2, Urusei Yatsura e Maison Ikkoku. O mangá é recheado de referências à mitologia japonesa, na qual os espíritos chamados youkais não são necessariamente maus, o que torna a tradução "demônios" um pouco imprópria.

O próprio personagem principal é um meio-youkai, isto é, filho de um espírito com uma humana. Ele tem um temperamento forte, é teimoso e impulsivo, mas não é mau. Depois, conforme o mangá avança e o passado dele é revelado, é revelado que existiram fortes motivos para Inu-Yasha se tornar a criatura amarga e vingativa vista na primeira edição.

Quem faz par com ele é Kagome, uma garota da nossa época lançada num Japão mitológico e medieval. Ela mora com a família num templo e possui fortes poderes espirituais, embora ainda latentes. São esses dons que a fazem viajar no tempo e encontrar Inu-Yasha. Após algumas edições, a garota descobre como fazer para ir e vir do futuro para o passado.

Até aqui, não há nenhuma novidade em relação às outras obras de Rumiko, mas a semelhança acaba por aí. A relação de Inu-Yasha e Kagome é mais madura e séria do que as de Ranma e Akane ou Ataru e Lum, e promete evoluir com o tempo. Como o clima do mangá é mais sombrio e épico, não sobra muito espaço para comédia, embora existam momentos divertidos.

No entanto, a grande sacada de Inu-Yasha é que a autora conseguiu estabelecer um rumo forte e definido para a história, coisa que seus outros mangás não tinham. Aqui, o grupo de heróis precisa enfrentar grandes perigos para cumprir uma missão arriscada: reunir os fragmentos da Jóia de Quatro Almas, um amuleto místico que, quando estiver completo, dará grandes poderes ao youkai que o possuir.

Quem também está atrás da Jóia é Narak, o grande vilão. Ardiloso e manipulador, ele é o arquiinimigo de Inu-Yasha. Personagem atípico para um mangá de aventura, prefere atazanar o herói com seus fantoches a trocar sopapos pessoalmente durante páginas a fio. Sempre que dá o ar de sua graça, a revista ganha uma força narrativa impressionante.

É só comparar as duas tramas desta edição. A primeira é um interlúdio morno, cujo único mérito é explorar melhor o trabalho de equipe entre Inu-Yasha, Kagome, Sango e Mirok. Enquanto a segunda agrega tensão na grande missão e desenvolve melhor o personagem do monge, revelando fatos de seu passado.