J. KENDALL – AS AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 82
Editora: Mythos) - Revista mensal
Autores:
Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (roteiro) e Roberto Zaghi (arte) - Publicado originalmente em Julia # 82.
Preço: R$ 8,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Setembro de 2011
Sinopse
Vidas de mentira - Um homem mata sua família, mas ninguém (além do leitor e do assassino) sabe disso.
No entanto, a esposa do homicida era amiga de Júlia, o que levará a criminóloga a se envolver no caso.
Positivo/Negativo
Não há novidade em dizer que J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga tem uma arte competente, que reproduz visualmente um roteiro de pegada realista e de grande qualidade. Mas, nesta edição, há algo de estranho.
A arte é justamente o que se espera, porém com uma decupagem brilhante. A sequência dos quadros e a escolha dos pontos de vista são primorosas. O ritmo ditado a cada cena é perfeitamente adequado ao desenrolar dos acontecimentos e à narrativa que se conta.
O desenho de Roberto Zaghi é excelente, e não há problemas de anatomia ou perspectiva, reclamação comum em quadrinhos de super-heróis.
O dissonante nesta edição está justamente no trabalho dos roteiristas, merecidamente elogiado em diversas oportunidades. Mas há dois elementos estranhos no roteiro.
O primeiro é mostrar o assassino e seu método logo na primeira cena do fumetto, ao contrário das edições anteriores, quando não se sabia quem havia matado e o leitor ia descobria ao mesmo tempo que Júlia a identidade do responsável pelo crime.
Essa mudança de perspectiva muda a expectativa do leitor. Se já se sabe quem matou, é preciso descobrir o porquê do assassinato.
Essa estrutura não é inovadora nas histórias de detetive. A própria Júlia comenta que este modelo é típico do seriado de TV Columbo. Ao se voltar totalmente para as motivações, a trama enriquece a humanização do criminoso e torna o personagem mais interessante. Esse é um bom sentimento de "estranho" que o leitor sente.
O segundo tipo de estranhamento é pelo uso de um recurso bastante comum em diversas histórias de detetive, só que, quase sempre, nas piores. Trata-se do deus ex machina, quando um elemento estranho ao universo narrativo dá uma pista ou revelação essencial para o segmento da trama.
No caso das aventuras de detetive, o que se revela é um elemento-chave para a investigação. E isso acontece aqui. É um tipo de apelação dos roteiristas pra conseguir resolver a história.
Esse tipo de recurso fácil não costuma ser habitual de Giancarlo Berardi. E é por isso que fica um sentimento estranho para o leitor.
Mesmo assim, Júlia protagoniza um dos gibis mais bacanas do mês.
Classificação: