Acaba mês, começa mês e o leitor já sabe: compre J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga e leia uma excelente história. Possivelmente, a melhor revista periódica nas bancas.

Normalmente, Giancarlo Berardi usa a criminóloga como centro da ação e o leitor descobre junto com ela quais são as pistas e motivações de cada um dos casos. Mas, nesta edição, a trama principal é sobre Júlia.

Em um começo surpreendente, Júlia e o tenente Webb saem pra jantar e conversar. E não é nenhum tipo de spoiler informar que há uma tensão sexual entre os dois.

Se na última edição Berardi contou uma história de fundo social e com preocupação ecológica, desta vez as revoluções acontecem internamente à personagem principal.

A estrutura da trama é de comédia: envolvimentos amorosos, quiprocó para resolução, atitudes repetidas de personagens. Mas sem as risadas. É impressionante a habilidade dos autores em lidar com as questões sensíveis e íntimas de uma mulher.

A arte de Federico Antinori difere um pouco dos demais desenhistas que habitualmente retratam a criminóloga, principalmente nos fundos de quadro e na representação de movimento. Isso não quer dizer, entretanto, que o trabalho seja inferior. O traço de Antinori, menos "fechado" é bastante adequado ao enredo.

A Mythos faz uma edição mais caprichada, mas ainda escaparam alguns errinhos de revisão, como a frase incompleta que anuncia a edição 65, na terceira capa.

As possibilidades de renovação das tramas da série se devem ao poderio gerado pela profundidade psicológica da personagem. E essa renovação está a serviço das histórias bem contadas. Daquelas de deixar o leitor satisfeito, à espera da edição seguinte de J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga, que, mesmo antes de sair, tem tudo pra ser uma das melhores do mês.