J. KENDALL – AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 71
Editora: (Mythos Editora) - Revista mensal
Autores:
Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (roteiro) e Roberto Zaghi (arte) - Originalmente em Julia # 71.
Preço: R$ 8,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Outubro de 2010
Sinopse
Morrerei à meia-noite - Um homem que Júlia nunca tinha visto, chamado Edgar Derby, a procura, pois uma cigana profetizou a morte dele. Entre evidências e ceticismo, a charmosa criminóloga terá que desvendar mais um mistério.
Positivo/Negativo
Esta deveria ser a última edição de J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga a ser publicada. Porém, a Mythos garantiu uma sobrevida de mais um número para a melhor revista mensal em bancas do Brasil. Só depois disso decidirá sobre o possível cancelamento.
Quanto à história em si, Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza criam uma dicotomia de estranhamento de primeira linha. A série de Júlia, como um todo, trabalha com o pé bem fincado no realismo, salvo exceção de uma ou outra revista, como a edição # 59.
Esse efeito de real vêm, por exemplo, da arte, proporcional, dos cenários urbanos possíveis e das situações verossímeis. E ao leitor que acompanha a série, mês a mês, a base de realidade é um porto seguro.
A própria premissa (impedir que uma profecia de morte se concretize) é um pouco estranha ao título, deixando um ar de saudade de Dylan Dog. Ao retirar Júlia e todo seu universo de seu espaço conhecido, e colocá-los em um novo cenário, criam-se novas perspectivas de história.
Nesse pano de fundo, Berardi e Calza, mostram uma Júlia frágil, que duvida de suas próprias convicções. As certezas da criminóloga se esfumaçam. A trama acaba por fortalecer o personagem investigador particular Leo Baxter, coadjuvante das aventuras em grande parte das edições.
Além desse trabalho de estrutura para o desenvolvimento e aprofundamento dos personagens, há o interessante formato escolhido pelos roteiristas.
A televisão está muito presente e, em vários momentos, os personagens assistem a filmes, entre eles a animação Who killed who?, na qual vários pressupostos da história de detetive são desmontados e se tornam piadas.
O formato de cantos arredondados nos quadrinhos e outra textura de cinza nos desenhos servem para indicar que é uma cena retirada da TV e não da dramaturgia dos personagens. Esse mesmo padrão é usado para os flashbacks, criando uma pequena confusão para identificar do que se trata.
No entanto, rapidamente a confusão se desfaz. Diferentemente do que acontece na trama, que só se resolve no final, com a já habitual reviravolta bem "berardiana".
A arte, sempre de estilo realista, nesta edição ficou a cargo de Roberto Zaghi. Essa opção estética torna ainda mais forte e intensa cada uma das cenas em que a realidade é posta em dúvida. E desenho e roteiro se fecham como um todo coeso.
A edição da Mythos é boa, mas peca por trazer um errinho de revisão: o nome correto da banda citada é acentuado: Sigur Rós.
Ao fechar a revista, um único mistério continua sem solução: será este fumetto cancelado? Isso nem a própria doutora Júlia Kendall é capaz de saber.
Classificação: