Nesta edição, Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza levam Júlia Kendall para fora de Garden City. Mas, diferentemente de edições anteriores, não é trabalhado o estranhamento da personagem em um ambiente novo.

Os roteiristas optaram pelo encantamento. Afinal, não se trata de uma região inóspita, mas de Paris, uma cidade cercada de encanto pelo imaginário do turista.

E é dessa maneira que Júlia se comporta na cidade, como turista. Isso a torna mais leve, mas não menos inteligente, sagaz ou admirável. A criminóloga se apresenta inteira e sincera, o que é um paradoxo das máscaras de beleza e falsas relações que o leitor pode observar no mundo da alta costura.

O cenário é uma embalagem diferente para as mesmas características já habituais nas histórias de Júlia: ações em segundo plano que revelam um pouco mais sobre o ambiente, transições inteligentes, excelente decupagem, alternância correta de ritmo narrativo, as deduções a partir das evidências psicológicas.

Outro destaque desta edição é a arte de Ernesto R. Garcia Seijas, desenhista argentino de pegada realista, que agradará os apreciadores de belas mulheres com seu traço limpo e preciso.

O trabalho de Seijas com expressões faciais e corporais é de alto nível, ajudando a formatar a personalidade dos personagens. E sua representação da cidade de Paris é excelente.

A trama encerra-se de maneira surpreendente, mostrando que o culpado é uma das pessoas que menos se espera. Júlia ajuda a polícia de Paris a resolver o caso, espantando a todos com seu poder de dedução.

O mesmo espanto que tem o leitor a cada fumetto da criminóloga que lê.