J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 88
Editora: Mythos - Revista mensal
Autores: Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi, Lorenzo Calza e Alberto Ghè (roteiro) e Valerio Piccioni (arte) - Publicado originalmente em Julia # 88.
Preço: R$ 8,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Março de 2012
Sinopse
Amor e honra - Um simpático descendente de italianos, proprietário de uma loja de pequenos animais, é morto de maneira cruel e com tortura. Quem teria interesse em assassiná-lo? Ou sua vida escondia um segredo muito bem escondido?
Positivo/Negativo
Os diversos elementos que impulsionam a admiração pelas histórias da criminóloga estão aqui. A arte realista e acadêmica, a montagem de página com uma grade de seis quadros, variando ocasionalmente para cinco, o preto e branco, a elucidação do caso nas últimas páginas.
Destaca-se também a narrativa que os roteiristas conseguem por meio de sua decupagem, que varia os enquadramentos e os pontos de vista, dando dinâmica à mais parada das cenas.
Esses elementos todos são bastante comuns nos fumetti bonellianos. E no caso de nosso país, até o formatinho com papel fino e capa mole, normalmente perdido em um canto da banca marca que isso é aquilo que chamamos de quadrinho italiano.
Claro, autores como Lorenzo Mattotti, Milo Manara e Dino Buzzatti, para citar alguns, são italianos e usaram o idioma de Dante em suas obras originais e, portanto, também fazem quadrinho italiano. Sem falar na produção da Disney italiana.
Acontece que a linha de revistas de aventura da Bonelli Editore é tão conhecida e seus formatos são tão fixos, que eles acabam representando o tal quadrinho italiano.
E dentro do padrão bonelliano, há aqueles que se destacam não só pela qualidade, mas também pela particularidade. É exatamente este o caso do gibi de Júlia Kendall. Com bem menos ação que seus parentes editoriais Tex e Zagor, com protagonista feminina e tentando fugir dos estereótipos.
Justamente nesse último item a equipe de roteiristas tropeça nesta edição.
Há diversos elementos que remetem à Itália na trama. A vítima, a suspeita da máfia, as anedotas de Emily e até mesmo os cientistas citados na aula da Doutora Kendall. Inclusive, é bastante estranha a citação e a defesa de cientistas tão deterministas por parte de uma racionalista liberal e mente aberta como Júlia.
E todos os autores envolvidos no gibi são italianos. Em um primeiro momento, pareceria natural que em uma edição em homenagem à Itália tudo corresse bem, mas não é exatamente isso o que acontece.
O universo de Júlia é baseado em Garden City, uma fictícia cidade dos Estados Unidos. E, ao tentar alocar o elemento italiano como estrangeiro nesse mapa, Berardi e sua turma acabaram por apelar ao clichê que eles imaginam ser a ideia comum sobre os italianos e seus descendentes ao redor do globo.
Como uma roupa mal-feita, vários detalhes da trama não estão bem ajustados.
Tudo aquilo que satisfaz os leitores mensais de J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga está nesta edição, mas os deslizes a tornam um pouco menos satisfatória. O que, em momento algum, invalida sua leitura.
Classificação: