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J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 89

1 dezembro 2012

J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 89

Editora: Mythos - Revista mensal

Autores: Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (roteiro), Marco Soldi e Luigi Pittaluga (arte) - Publicado originalmente em Julia # 89.

Preço: R$ 8,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Abril de 2012

 

Sinopse

Um mundo de violência - Uma luta de boxe termina com um trágico acidente: a morte de um dos pugilistas. Ou não terá sido um acaso e sim uma armadilha para acabar com lutador que pode ter se tornado incômodo?

É isso que Leo Baxter e Júlia Kendall tentarão descobrir.

Positivo/Negativo

O roteiro de J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga é sempre seu grande destaque, seja entre os leitores do fumetto, seja entre a crítica e os resenhistas.

Isso de maneira alguma tem a intenção de desmerecer a arte aplicada às páginas do gibi: um desenho acadêmico e realista, muito bem executado, competente na apresentação de diversos pontos de vista e ângulos, de grande força na expressão humana, sem muita ousadia e praticamente sem erros.

Perceba, por exemplo, a falta de jeito que Júlia tem em socar, que fica evidente pela arte na página 55.

O elogio a Giancarlo Berardi e sua equipe (nesta edição, Lorenzo Calza) deve-se à alta qualidade do seu roteiro. E por roteiro entende-se o texto, o desenvolvimento dos personagens, o ritmo, a decupagem das páginas, os personagens e suas ações, e é claro, a trama.

Todos esses elementos - e vários outros - funcionam bonitinho, de maneira acertada. Ou melhor, geralmente funcionam. E esta edição é uma daquelas que escapa do maior grupo.

O ritmo e a decupagem são excelentes. A alternância entre os pontos de vista cria uma dinâmica incrível. Atente o leitor para as mudanças de enquadramento nas páginas 5 e 6.

A trama é boa. Um lutador de boxe morto no ringue e toda a dificuldade dos praticantes desse esporte, de suas famílias, assim como a necessidade de lidar com o luto e seguir em frente. A história consegue uma puxada emocional bastante forte, sem cair na pieguice.

Entretanto, a solução do caso surge de maneira muito estranha - e sim, mesmo com toda sua dimensão humana, J. Kendall é uma revista de detetive e sempre tem um caso em investigação.

Existe uma ação que é conhecida entre os roteiristas como uma saída fácil, ou uma apelação. É o deus ex machina. E é justamente o que Berardi e Calza criaram em um momento decisivo da trama.

Deus ex machina é uma expressão latina, que diz algo como "deus de fora do sistema". E ela acontecia durante uma peça de teatro em que a solução para a trama aparecia na forma de um dos diversos deuses romanos, que até então não tinha participado da história (do sistema). Era um milagre encenado. Se não há mais solução, apele-se ao divino.

Por extensão de sentido, a expressão representa toda a situação que é resolvida a partir de um elemento externo inexistente na trama até então. Exemplo: o cara que viu tudo sobre o crime e resolve ir contar para a polícia. Ou a herança milionária de um tio afastado da Lapônia.

Aqui não será especificado qual é esse momento para não entregar mais sobre a história do que deveria, mas o deus ex machina está nas páginas 94 e 95. E dentro da proposta realista do gibi, e a se considerar a enorme capacidade de Berardi, é decepcionante esse tipo de artifício.

Esse tipo de truque é uma saída tão fácil, que os roteiristas têm vergonha de serem "acusados" de seu uso.

Além dessa fraqueza pontual no roteiro, há um problema na capa. Os personagens da luta estão invertidos: quem deveria estar machucado e nas cordas é o outro lutador.

Mesmo com essas decepções, a história se garante. Afinal, só é possível se decepcionar com aquilo que se acredita bom.

 

Classificação:

4,0

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