J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA - ESPECIAL # 4
Autores: Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (texto) e Roberto Zaghi (desenhos).
Preço: R$ 7,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Novembro de 2008
Sinopse: A jovem estudante de criminologia Júlia Kendall acaba entrando na investigação de um crime ligado à Yakuza. Para prosseguir na pesquisa, a garota vai até o bairro oriental de Garden City, onde se envolve com um descendente de japoneses.
E mais: artigos sobre o diretor Brian de Palma, a série Dexter e os últimos lançamentos do gênero policial no cinema e na TV.
Positivo/Negativo: J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga tem sido invariavelmente um dos melhores quadrinhos regulares nas bancas brasileiras. É uma HQ charmosa, com roteiro delicioso, traço elegante e uma protagonista interessantíssima - uma investigadora que é a cara da atriz Audrey Hepburn. Além disso, é co-roteirizada por Giancarlo Berardi (Ken Parker), seu criador e um dos grandes nomes do fumetti, os quadrinhos italianos.
A edição especial anual do título, que chega agora à quarta edição, mantém as mesmas características. Mas com uma diferença sempre marcante: mostra Júlia jovem, com vinte e poucos anos, ainda estudante de criminologia. Entra no lugar da mulher segura e madura uma encantadora fã da banda Nirvana, curiosa e atrapalhada, que, como se vê, confunde tiros com rojões soltados pela molecada da redondeza.
Assim como sua versão madura, a Júlia adolescente é fascinante. O grande motivo é que o rejuvenescimento dela é absolutamente verossímil. Seus criadores conseguem extrair os anos de experiência da personagem original, mas sem deturpá-la. O resultado fica longe do baladeiro inconseqüente ou de outros clichês teen. Júlia é jovem, mas de babaca não tem nada.
A arte de Roberto Zaghi tem um papel importante na construção da juventude da personagem, que é retratada com frescor. Mas é no roteiro que a HQ se torna excepcional. Berardi e Lorenzo Calza escrevem as aventuras da Júlia com muita leveza - mesmo em momentos mais densos.
É essa Júlia que, neste número, vai explorar o mundo da Yakuza e do Japão na região oriental de sua Garden City. Como a HQ se situa cronologicamente no começo dos anos 1990, quando até mesmo os mangás estavam restritos a nichos de consumo, a garota transforma um rapaz descendente de japoneses em sua fonte de informação - e acaba por nutrir sentimentos em relação a ele.
Como é comum em J. Kendall, é uma delícia ver os autores amarrarem as pontas soltas da trama. Mas ter uma Júlia jovem leva a uma conclusão diferente - e não tinha como ser de outro jeito. A sensibilidade da equipe criativa, afinal de contas, é uma das características que faz do fumetti um dos títulos regulares com maior qualidade por estas bandas.
Por conta de uma distribuição precária mesmo em grandes centros, nem sempre é fácil de encontrar J. Kendall. Mas vale a pena passar de banca em banca em busca da jovem criminóloga. Júlia é um barato.
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