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J. KENDALL ESPECIAL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 6

1 dezembro 2012

J. KENDALL ESPECIAL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 6

Editora: Mythos - Edição especial

Autores: Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (roteiro) e Claudio Piccoli (arte) - Publicado originalmente em Almanacco del giallo 2010.

Preço: R$ 8,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Agosto de 2012

 

Sinopse

O caso da rua Magnólia - Um crime brutal é o estopim de uma onda de ódio contra os imigrantes armênios em Garden City. A estudante de criminologia Júlia Kendall vai auxiliar seu mestre, o professor Cross, na solução desse mistério.

Positivo/Negativo

As edições especiais da jovem Júlia Kendall pareciam ter desaparecido das bancas brasileiras depois do quase cancelamento da revista mensal. Pois bem, ela voltou!

A revista começa com um dossiê sobre filmes e seriados policiais e, em seguida, parte para uma aventura de 96 páginas. A criminóloga com cara de Audrey Hepburn é apenas uma estudante dedicada e promissora, mas já mostra o comportamento que a caracterizará na idade adulta.

É claro que ela falha em algumas atitudes profissionais, porque ainda está aprendendo sobre o assunto. Tudo isso traz um ar fresco pras histórias.

Do ponto de vista da estrutura do roteiro, Berardi e Calza conduzem o tema da invasão sexual no começo da HQ em duas linhas, uma mais grave que a outra. Em seguida, as duas se unem e o leitor acompanha a investigação.

Mas como é de se esperar do time de escritores de J. Kendall, diversos temas são discutidos enquanto a trama policial segue. Há, pelo menos, dois notáveis.

O mais evidente deles é o preconceito contra estrangeiros, cada vez mais forte em países europeus em crise, como a Itália, de onde vem o fumetto. Aqui, a população volta-se contra os armênios, pois o crime foi cometido em um gueto desses imigrantes.

Conforme a trama se desenrola, o foco muda para o papel da imprensa, sempre ávida por sensacionalismo, e que, de maneira irresponsável, acusa sem provas em busca de furos e audiência.

Ao final da narrativa, com a resolução do caso, as lentes da imprensa focam o novo vilão, culpando de maneira generalizada todo um grupo por conta de alguns elementos. Muda-se o personagem, não se corrige o erro da ação.

Por mais que Berardi e Calza localizem a história nos Estados Unidos e eles a pensaram a partir da Europa, não é difícil para o leitor brasileiro entender esses eventos. Basta lembrar no tratamento subumano que vários imigrantes da América do Sul e Central recebem em nosso país. Ou do perene preconceito contra o migrante nordestino em diversas capitais.

Ou ainda como parte da imprensa tende a sensacionalizar assassinatos brutais, incêndios, sequestros. Descarta-se o humano e concentra-se na plasticidade da imagem, na narrativa mântrica, nos dedos apontados sem provas, disfarçado de opinião.

Que mais HQs, além de entreter, coloquem o seu leitor pra refletir.

 

Classificação:

4,0

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