JESUIT JOE
Autor: Hugo Pratt.
Preço: variável, dependendo de onde a edição é encontrada
Data de lançamento: 1990 (desta edição)
Sinopse: Jesuit Joe é um índio canadense que assume a identidade de um sargento da Real Polícia Montada do Canadá, no final do século 19. Ele é um sujeito complexo, de valores morais estranhos, que no decorrer de suas aventuras, disfarçado de policial, comete crimes, mas também salva pessoas.
Positivo/Negativo: A trajetória deste volume é bem interessante. Jesuit Joe foi originalmente lançado na revista francesa Pilote, entre os números # 74 e # 77, em 1980. Logo a seguir, no mesmo ano, foi republicado num volume encadernado (Coleção Pilote # 34) da Dargaud.
Curiosamente, naquela época o título do álbum tinha uma letra a mais e um acento, Jésuite Joe, que foram totalmente abandonados na versão da Casterman.
Ainda em 1980, a CEPIM, editora italiana, lançou o álbum pela legendária série Un uomo, un'avventura (é o volume número 28 desta coleção), com o título L'uomo del grande nord.
Em
1990, o álbum foi republicado pela Casterman, com uma nova capa,
mais gráfica (uma pena, pois a ilustração original é bem mais bonita),
com uma extensa introdução e farto exemplo da pesquisa histórica realizada
por Pratt (como ocorre nas edições em capa dura dos álbuns da Casterman,
da série Corto Maltese).
A grande novidade, entretanto, é a inclusão dentro da história, de layouts aquarelados do próprio autor, com cenas e momentos inéditos (diferenciados pelo fundo colorido destas páginas), realizados para a produção do filme Jesuit Joe, de 1991.
O filme foi dirigido por Olivier Austen e traz Peter Tarter no papel de Jesuit Joe.
Curiosamente, em 2008 a Casterman relançou quatro obras de Pratt em pequeno formato, que pertenciam à série Un uomo, un'avventura (com o título em francês, Une Homme Une Aventure): L'Homme des Caraïbes, L'Homme de Somalie, L'Homme du Sertão e L'Homme du Grand Nord, que é Jesuit Joe.
Jesuit Joe é, sem dúvida, um dos álbuns mais interessantes de Pratt.
As primeiras 17 páginas da história não têm diálogos, e são um exemplo do domínio exemplar que o artista possuía sobre a narrativa dos quadrinhos.
Joe não é um homem comum. É de uma crueldade assustadora, marcada muitas vezes pela ausência de emoções. Ele mata, escalpela (até mesmo a estátua de uma santa), esfaqueia um padre e até tira a vida de um passarinho por despeito.
Por outro lado, salva um bebê dos índios, sem nenhuma razão evidente, e o entrega a uma família adotiva de inuits (esquimós) e, mais tarde, salva o pai desta criança, também sem nenhum motivo particular, mas não conta a ele que seu filho está vivo.
Quando confrontado sobre seus atos pelo policial cuja identidade assumiu, Joe conta sua história. E sobre a razão da farsa, diz apenas: "é bonito o uniforme vermelho, não é?".
Pratt termina a história de maneira tão ambígua quanto começou, deixando o destino do personagem nas mãos da imaginação do leitor.
De certa forma, a loucura e a selvageria de Jesuit Joe são temas constantes na obra de Pratt, assumindo diversas formas, como Rasputin ou Cush (de As Etiópicas), por exemplo.
Uma continuação estava planejada, mas a história nunca foi terminada. 17 páginas incompletas de Jesuit Joe II, foram publicadas na França, em 1984, na revista La Marge.
Artisticamente, o álbum marca um ponto alto da carreira de Pratt, com uma narrativa impecável, composição precisa dos quadros, um traço bastante simplificado, mas de grande refinamento, e uma história forte, capaz de perturbar o leitor.
As cores são de Anne Frognier e Patrícia Zanotti.
Classificação: