JLA - ROCK OF AGES
Editora: DC Comics - Edição especial
Autores: Grant Morrison (roteiro), Howard Porter, Greg Land e Gary Frank (desenhos), John Dell, Bob McLeod, Chip Wallace (arte-final) e Pat Garrahy (cores).
Preço: US$ 9,95
Número de páginas: 160
Data de lançamento: Maio de 1998
Sinopse
Superman. Batman. Mulher-Maravilha. Flash. Lanterna Verde. Aquaman. Caçador de Marte. Estes sete indivíduos são reunidos na maior equipe de super-heróis que o mundo já conheceu na defesa da Terra, a Liga da Justiça da América. Mas a existência do grupo inspirou uma reação contrária por parte das forças do mal.
Lex Luthor convocou os maiores oponentes de cada herói e criou uma Gangue da Injustiça para vencê-los. Ele está de posse da Pedra Filosofal, uma miniatura de todo o universo conhecido, capaz de realizar qualquer coisa.
E para evitar um futuro desolado em que o planeta é governado por Darkseid, a Liga da Justiça precisa ser derrotada no presente.
Positivo/Negativo
A Liga da Justiça de Grant Morrison surgiu como uma força avassaladora no mundo dos quadrinhos em 1997, conquistando fãs devotados e elogios rasgados por parte da crítica especializada. Numa época de eventos "bombásticos", personagens genéricos e um tom pessimista para as histórias do gênero, o roteirista escocês chamou a atenção por investir, no lugar de brutamontes mal-encarados e tramas requentadas, em super-heróis destemidos enfrentando invasões alienígenas, forças do céu e do inferno e dimensões paralelas, numa tela maior que a vida.
Ele reuniu na equipe os "Sete Grandes" da DC Comics, como não se acontecia havia décadas, mas bem adaptados ao momento da cronologia da editora. Verdade que nem todas as sagas mantiveram o mesmo nível, mas há destaques evidentes, como em todos os seus trabalhos.
De sua fase no Homem-Animal, a trama de O Evangelho do Coiote impressiona até hoje. Dentre as edições de Grandes Astros - Superman, o décimo número persiste como uma das HQs mais inspiradoras já narradas com o personagem. E de todas as suas tramas na Liga da Justiça, foi a de Rock of Ages (A Pedra da Eternidade, no Brasil) que mais cativou os fãs.
A história começa como uma saga de super-heróis bem tradicional, mas logo envereda por caminhos inesperados. Finalmente, os maiores vilões do Universo DC estavam juntos num plano para derrotar a Liga da Justiça, e esse elemento se revela apenas uma pequena parte da teia elaborada tecida por Morrison.
Tomando como ponto de partida um artefato misterioso de poderes ilimitados, a saga leva os heróis numa jornada através do tempo e do espaço, em que nada é o que parece, lealdades são testadas e mesmo o papel de cruéis vilões será redefinido.
A Liga da Justiça dessa fase foi construída como uma força imbatível a serviço do bem, sem espaço para dramas pessoais ou crises domésticas. O zênite dos gibis com justiceiros de uniformes coloridos, enfim. Mas não quer dizer que careça de personalidade. Cada integrante da equipe é muito bem interpretado, os novatos Arqueiro Verde (Connor Hawke, o filho do original) e Aztec ganham seus momentos e até o Superman com poderes elétricos (de uma saga que não deixa saudades) mostra facetas inusitadas. E a forma como todas essas figuras interagem é um ponto positivo da saga, numa evolução notável de suas contrapartes da Era de Prata.
Também merece destaque a participação do Homem-Borracha, divertido personagem que viria a frequentar as fileiras da equipe e foi responsável por cenas de humor impagáveis.
Diversos trabalhos posteriores de Morrison, como a megassaga Crise Final e a própria série Grandes Astros - Superman, têm a semente de suas ideias plantadas em Rock of Ages. Foi aqui que o autor brincou primeiro com uma Terra devastada por Darkseid, Batman torturado por Novos Deuses e um legado futuro para o Último Filho de Krypton.
O roteirista já afirmou que gosta de adotar um senso de coesão para todos os seus trabalhos na DC, e a Liga da Justiça, como não poderia deixar de ser, está no centro de tudo.
Na arte, Howard Porter prosseguiu com seu estilo pouco usual, mas adaptado para visuais complexos e diferentes. Gary Frank e Greg Land, dois ilustradores de traço mais realista, completaram o pacote.
Com o título simplificado de JLA, a série mensal ajudou a sedimentar novos rumos para os quadrinhos de super-heróis, resgatando grandiosidade e sentimentos perdidos, mas sem olhar apenas para um passado de glórias. O que o autor construiu, na verdade, foi um amálgama do que houve de melhor na trajetória do grupo, dotado de vida própria e conceitos inauditos.
É pena que, no Brasil, a Liga da Justiça de Morrison não tenha sido publicada na íntegra numa coleção de edições à altura do material. Originalmente, saiu em formatinho, pela Abril, na revista Melhores do Mundo - e a editora ainda se recusou a publicar o arco final da fase, que depois saiu pela Mythos (veja matéria sobre esta fase aqui).
Em 2008, a Panini chegou a republicar as primeiras edições do título num encadernado em capa dura, mas parece ter descontinuado a iniciativa. Para os fãs, portanto, a melhor opção ainda é importar os volumes originais.
JLA foi um dos pontos altos dos quadrinhos de super-heróis, sendo Rock of Ages sua história mais poderosa. Um clássico moderno que merece figurar na coleção de todo entusiasta do gênero, para ser lido e relido sem parcimônia.
Classificação: