Joe The Barbarian - The Deluxe Edition
Editora: DC Comics - Edição especial
Autores: Grant Morrison (roteiro), Sean Murphy (ilustrações) e Dave Stewart (cores).
Preço: US$ 29,99
Número de páginas: 224
Data de lançamento: Novembro de 2011
Sinopse
Joe é um simples garoto introvertido de 13 anos, que gosta de desenhar, enfrenta bullying no colégio e sofre de diabetes. Sua vida corria sem grandes surpresas ou desdobramentos.
Até que, um dia, em meio a uma crise de hipoglicemia, Joe começa a vivenciar alucinações com um mundo fantástico, onde seus brinquedos têm vida própria, habitam guerreiros valentes e animais gigantes, e ele é a única esperança de um povo.
Seria imaginação ou realidade?
Positivo/Negativo
Grant Morrison esteve sempre associado a boas histórias de super-heróis nas últimas décadas, desde que despontou no mercado norte-americano com sua pouco usual reformulação do Homem-Animal. Logo vieram histórias da Liga de Justiça, do Batman, dos X-Men, de Marvel Boy e a premiada All Star Superman.
Assim, fica fácil esquecer que o escocês também trabalha bem em outros gêneros, como ficção científica e fantasia. Mas para quem acompanha com atenção o seu trabalho, não foi surpresa quando o autor deu uma guinada no tom de suas obras com Joe The Barbarian, uma saga fantástica nos moldes de clássicos como A História sem fim e As crônicas de Nárnia.
Ainda que publicada sob o selo Vertigo, linha adulta da DC Comics, a minissérie aqui reunida em luxuosa edição funciona perfeitamente para o leitor jovem, enquanto desperta também emoções vívidas nos mais maduros.
Assim como ocorreu em suas séries de super-heróis, especialmente as da DC Comics, o forte de Joe The Barbarian não são as caracterizações, nem os relacionamentos interpessoais. Na obra de Morrison, as ideias falam mais alto que os personagens, os quais, muitas vezes, saem bem arquetípicos.
Dessa forma, o conceito de um garoto descobrindo um universo mágico é mais importante para a trama do que os sentimentos dele em relação à mãe ou aos colegas de escola. Isso não quer dizer, contudo, que o protagonista não surja cativante e atraente ao público.
Desde as cenas de seu cotidiano no mundo real, Joe soa bem esperto e problemático, com elementos de identificação eficazes, como os valentões do colégio e a saudade do pai. Eles despertam no leitor curiosidade pelo personagem e interesse pela viagem imprevisível que estaria por começar.
O que se segue é a típica narrativa da criança transportada para uma realidade mágica, muito bem conduzida e belamente ilustrada. O ritmo é aventuresco e bem-humorado, não muito diferente de uma matinê cinematográfica. Pode-se dizer que Joe The Barbarian não pretende revolucionar os quadrinhos, como muitas histórias de Morrison. Trata-se de apenas diversão e magia infantil, mas muito bem temperada com elementos criativos efervescentes.
Enquanto Joe tenta superar obstáculos no mundo real para conseguir uma garrafa de refrigerante, na realidade mágica ele encontra piratas e tem a companhia de um rato antropomórfico gigante. Quando se defronta com a revelação de que seria uma espécie de messias esperado para conduzir o povo à vitória contra um inimigo implacável, a trama assume ainda mais o espírito de uma jornada heroica tradicional.
Logo, o pequeno Joe precisa vencer medos e inseguranças em nome de um bem maior, trilhando o caminho do amadurecimento.
Mas talvez mais digna de nota que o texto de Morrison seja a arte de Sean Murphy. Bastante detalhista e adotando um tom sombrio com a colorização de Dave Stewart, os traços ilustram com precisão os dois universos diametralmente opostos. As cenas de mundo real parecem mais sufocantes, enquanto na terra da fantasia surgem tão exuberantes quanto pede o roteiro.
O desenhista decidiu caracterizar os brinquedos de Joe como itens reais que fizeram sucesso nos anos 1980, além de figuras de ação de Batman, Robin e Lobo, garantindo assim uma familiaridade a mais quando eles ganham vida. Cenários minuciosamente trabalhados também se destacam, o que resulta numa experiência de encher os olhos.
A própria caracterização visual do pequeno bárbaro é mais um ponto positivo, em especial a forma como o garoto de nariz arrebitado evolui com o passar da aventura, que está sendo publicada no Brasil na revista Vertigo.
Como extras, a edição traz esboços, páginas de roteiro e comentários especiais de Sean Murphy. Joe The Barbarian não tenta reinventar a roda e pode não ser alçada ao status de clássico, mas oferece uma diversão sadia para todas as idades. Desta vez, é o bastante.
Classificação