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JORNADA AO OESTE - VOLUME 1 - O NASCIMENTO DO REI DOS MACACOS

1 dezembro 2008


Autores: O nascimento do Rei dos Macacos - Wu Cheng'en (texto original), Chao Ming (texto adaptado), Ma Cheng, Wang Zhixue e Hou Xi (arte);

Baderna no palácio celestial - Wu Cheng'en (texto original), Shi Cheng (texto adaptado) e Wang Guochen (arte);

A ordenação de Xuan Zang - Wu Cheng'en (texto original), Tie Yukuan (texto adaptado) e Chang Ren Yinchun Xiaodong (arte);

O discípulo segue o mestre - Wu Cheng'en (texto original), Shi Shan (texto adaptado), Liu Dechen e Ni Dongjian (arte);

A derrota do demônio-urso - Wu Cheng'en (texto original), Lu Ni (texto adaptado), Yuan Guang e Su Qinhua (arte);

O casamento desfeito de Baije - Wu Cheng'en (texto original), Dan Ye (texto adaptado), Bai Minghan e Xing Xiaoling (arte);

A grande batalha no rio da areia corrente - Wu Cheng'en (texto original), Xu Mei (texto adaptado), Bao Ling e Shu Mei (arte);

O roubo das frutas de ginseng - Wu Cheng'en (texto original), Xu Mei (texto adaptado), Zhang Mei, Cao Yhua e Tien Um (arte);

Preço: R$ 42,90

Número de páginas: 464

Data de lançamento: Março de 2008

Sinopse: Em busca da eternidade, Wukong, o rei dos macacos, acabou ganhando poderes mágicos.

E é graças a eles que o símio se gabarita a acompanhar a viagem de 9 mil quilômetros que Xuan Zang faz rumo ao Oriente, em busca de escrituras sagradas.

No caminho, os dois cruzam com deuses, demônios, reis e cavaleiros, em uma grande jornada espiritual no lendário Oriente antigo.

Positivo/Negativo: A China vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos nas mais diversas áreas possíveis. Sob esse ângulo, era questão de tempo para que os quadrinhos de lá desembarcassem no Brasil.

Jornada ao Oeste é a segunda HQ chinesa que pinta por aqui (a primeira foi O Tigre e o Dragão, pela Panini). Quem a publica é a Conrad, que há quase dez anos foi responsável por começar o boom dos mangás com Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. E, por coincidência, o protagonista do segundo, Son Goku, é inspirado no macaco antropomorfizado Wukong, personagem principal de Jornada ao Oeste.

Como nos mangás, também há um aspecto nesta edição: é a primeira vez que esta versão em quadrinhos é publicada no Ocidente.

Mas o papo com Jornada ao Oeste é outro, bem diferente. A começar pelo próprio estilo da série, que está longe de provocar uma mobilização popular. A obra é um petardo em três volumes. O primeiro tem 464 páginas e sai, a preço de tabela, por R$ 42,90. Os outros dois seguem a mesma levada.

A série não segue a fórmula ágil dos mangás. Pelo contrário: é feita para ser consumida lentamente. Há dois motivos para isso, e são os de sempre: texto e arte.

O roteiro é baseado em um antigo romance chinês, uma jornada de estrada do século 16 que tem parentesco com obras como a Odisséia, por sua força mitológica, e as narrativas de Marco Polo, por conta do cenário e da importância histórica. O texto carrega nas costas, portanto, alguns séculos de mitos do outro canto do mundo, com os quais a familiaridade ocidental não é tanta. Não é algo que se possa - e nem que se queira - conhecer apressadamente.

Mesmo o humor da série é contido e delicado. Wukong é debochado, impertinente, e Baije é um demônio com cara de porco, mas até isso é retratado sem excessos.

Já os desenhos de Jornada ao Oeste merecem uma atenção especial. São belíssimos, delicados e encantadores. Os brancos dão ao desenho uma iluminação especial, e deixam a história com um clima mítico constante. Mesmo feito por diversos artistas, as diferenças entre os traços são poucas e sutis. Um ou outro desenhista prefere arestas mais estilizadas no cenário, e só.

Há outro problema na lentidão da história, e esse é de narrativa. O ponto é que o fato de Jornada ao Oeste ser uma história em quadrinhos pode ser questionado. Afinal, a obra é uma sucessão de imagens sem balão, com texto no rodapé. Fica na fronteira de um livro ilustrado. A seu favor na classificação, o álbum está muito bem acompanhado: o clássico Príncipe Valente usa uma fórmula parecida.

Outro argumento possível são as obras teóricas de Will Eisner e Scott McCloud, que classificam a narrativa gráfica a partir da justaposição de imagens em seqüência. Olhando a partir das propostas desses dois criadores, Jornada ao Oeste é, definitivamente, uma HQ. Mas com uma pobreza narrativa de dar dó. Afinal, todos os quadros têm o mesmo tamanho, com planos abertos e enquadramentos parecidos.

A rigor, esse é o grande ponto fraco da obra: o formato dos quadros cria uma fórmula repetitiva que eventualmente se torna cansativa. Por mais que a temática e a arte ajudem a história a decolar, uma leitura ininterrupta das 464 páginas pode virar uma forma bem chata de se andar 9 mil quilômetros rumo ao Oeste.

Nem mesmo a antigüidade justifica. Apesar de não ser uma HQ contemporânea, seu lançamento original foi em 1962, época em que os quadrinhos já tinham evoluído bastante sua narrativa em várias partes do mundo.

Apesar de ser uma limitação, a narrativa esquemática está longe de condenar Jornada ao Oeste, e seria uma pena se o leitor avaliasse uma obra dessas somente por esse aspecto. É melhor que seu defeito seja compreendido como uma característica que, de fato, é um pequeno percalço a se enfrentar para, do outro lado, encontrar um universo rico em mitologia e arte.

A edição da Conrad é simples: papel branco comum, em preto-e-branco, com capa mole (mas bonita), feita com uma foto e imagens da HQ. Também é bem cuidada: dentro do possível, o texto é fluente e iluminado por notas de rodapé. Conta também com um prefácio, em que o editor Rogério de Campos dá uma pincelada sobre HQs chinesas e sobre o próprio Wukong, e uma rápida introdução do tradutor Adam Sun.

Em seu site, a editora oferece uma amostra generosa do álbum, passando pelos textos introdutórios, por uma galeria de personagens e por um trecho do primeiro capítulo.

Classificação:

4,0

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