Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Reviews

JÚLIA # 4

1 dezembro 2006


Título: JÚLIA # 4 (Mythos
Editora
) - Revista mensal
Autores: Giancarlo Berardi (argumento), Maurizio Mantero (roteiro) e Pietro Dall'Agnol (desenhos).

Preço: R$ 7,40

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Fevereiro de 2005

Sinopse: Um concerto beneficente aos órfãos dos agentes policiais de Garden City é interrompido subitamente por uma tragédia. Este é apenas o começo dos problemas que Júlia Kendall e sua trupe enfrentarão nesta edição.

Positivo/Negativo: Antes de tudo, algumas observações. A Mythos, desde a primeira edição de Júlia, estampa nas capas da série que cada uma das edições possui um "roteiro completo de Giancarlo Berardi".

A verdade, porém, não é bem essa. Afinal, os três primeiros números constituem uma única história, cada um deles funcionando como um capítulo. Além disso, nem sempre Berardi escreve os roteiros de Júlia. Nesta edição, por exemplo, faz o argumento.

Obviamente, a editora não quis apenas creditar o autor da revista. Mais que isso, quis imprimir nas capas um selo de qualidade. Afinal, Giancarlo Berardi dispensa apresentações.

Como bem disse Rodrigo Emanuel Fernandes no review de Júlia # 3, a personagem, em pouquíssimas edições, "tornou-se incrivelmente real e verossímil para os leitores, com uma personalidade rica e fascinante que outros heróis da Bonelli levaram anos para desenvolver".

Berardi é mestre em criar personagens carismáticos. Não é coincidência que Júlia tenha o mesmo poder de cativar o leitor que seu "irmão" mais velho, o faroeste cult Ken Parker.

Se não bastasse esse talento, o roteirista italiano também é especialista em desenvolver uma trama elegante, que se desenrola aos poucos, sutil na maior parte das vezes e sempre permeada de humor, suspense e aventura.

Nesta edição, após salvar uma garotinha de um incêndio, Júlia auxilia (novamente) a polícia de Garden City a desvendar uma série de explosões. Quem estaria por trás dos atentados? Quem é o homem disfarçado atrás do monstro?

Este, aliás, é um dos pontos altos da série. Para Júlia, descobrir quem é o criminoso não é o mais importante. Ela é uma criminóloga, não uma policial. A moça interessa-se pelo porquê de cada crime, pela mente perturbada de quem os comete.

Assim, a série livra-se da dicotomia mocinho e bandido e os personagens ganham contrastes mais próximos aos das pessoas reais.

Apesar disso, a trama não tem a pretensão boba de se calcar somente na realidade. Afinal, dela já estamos cheios e uma boa HQ também deve ser um momento de fuga, sem debandar para a alienação. A revista consegue isso ao balancear a densidade psicológica dos personagens com algumas passagens-clichê deliciosas, como as eternas discussões entre a protagonista e o tenente Webb, as broncas de Emily em Júlia e por aí afora.

Maurizio Mantero faz um roteiro competente e equilibrado. Os personagens são trabalhados por ele como se o fossem pelo próprio Berardi. Fica mesmo difícil saber onde começa a mão de um e termina a do outro.

A arte de Pietro Dall' Agnol não é das mais chamativas. É simples, formal, sem grandes saltos, se detém a informar o que se passa na cena, sem marcas de estilo. Se por um lado os traços deixam de ganhar personalidade, por outro, fazem com que a história caminhe direta, com objetividade, sem detalhismos banais. É o menos que é mais, apesar de modesto.

Júlia, além de ser aquele tipo de HQ que leva qualquer admirador da nona arte a dizer "caramba, por que todas não são assim?", é ideal para quem quer se iniciar na leitura de quadrinhos, pois une inteligência, sutileza e profundidade à aventura e ao bom entretenimento.

 

Classificação:

4,0

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