A especialidade de Manara é desenhar mulheres. Quem conhece o trabalho do italiano, sabe que o forte de suas histórias é retratá-las nuas ou seminuas em poses sensuais.

Por isso, não espere de Kamasutra uma grande história ou uma narrativa bem elaborada. O título parece promissor com o mote do famoso livro indiano sobre posições sexuais nas mãos do ilustrador italiano. Mas nem toda a experiência na arte erótica salva Manara dele mesmo.

A história se desenvolve no nível mais acéfalo que roteiros de filmes "B" poderiam proporcionar. Parvati é uma garota linda que sofre um acidente de motocicleta. Ao trombar com um entregador, acaba pegando um pacote deixado para trás.

A embalagem se revela um cinto de couro que ganha vida e lembra um símbolo fálico. Ele contém um "gênio da lâmpada" que concederá prazer à garota se ela vencer uma série de desafios.

Então, Parvati passa a ser perseguida pelo verdadeiro dono do pacote, e deve correr para enfrentar os desafios que o gênio anunciou.

Quando o leitor espera, pelo menos, ver uma boa representação das tais posições do livro, Manara faz pouco proveito delas. Quadros pequenos, de 16 imagens por página, ilustram tais passagens.

Grandes quadros são usados mais para os locais por onde a garota se locomove. E quando a história poderia se revelar mais interessante no final, ela acaba sem explorar muito o desfecho das últimas cenas.

Mas vale dizer que, além das beldades, Manara retrata cenários com uma qualidade brutal, como é possível ver na página 41.

Este álbum já havia sido lançado no final dos anos 90 pela L±, também em capa dura e com acabamento luxuoso. Como estava esgotado e atingia preços altíssimos em sebos, a Conrad fez bem em colocá-lo novamente no mercado, aproveitando que o autor virá em novembro ao Brasil, para o evento Rio Comic Con.

Ainda assim, este é um título para esquecer o texto e prestar atenção apenas nas imagens. Só assim para Kamasutra fazer algum sentido.