KEN PARKER # 1
Autores: Giancarlo Berardi (texto) e Ivo Milazzo (arte).
Preço: R$ 30,00
Número de páginas: 160
Data de lançamento: 2000
Sinopse: Rifle Comprido - Ken Parker e seu jovem irmão estão de volta da temporada de caça e fazem uma parada para comprar víveres.
Logo depois, Ken é atingido por uma flecha, cai do cavalo e desmaia. Quando acorda, encontra seu irmão morto e escalpelado, além de ambos terem sido roubados.
Exímio caçador, ele segue os rastros até um quartel. Decide alistar-se para localizar os assassinos, mas, nesse meio tempo, o forte é atacado por índios.
Na perseguição que se segue, Ken Parker terá que sobreviver ao mesmo tempo em que caça os assassinos.
Positivo/Negativo: Este número marca o início da republicação da série de Ken Parker pela editora Tendência, que depois mudaria de nome para Tapejara. Mas continuaria capitaneada por Wagner Augusto, responsável por este que é um dos melhores projetos editoriais do mercado nesta década.
A maior parte das aventuras foi publicada originalmente no Brasil entre 1978 e 1983, pela extinta Vecchi - é difícil encontrar essas edições em bom estado. E alguns números da Tendência/Tapejara também já estão esgotados, pois a tiragem foi pequena.
Mas a tiragem teria mesmo que ser pequena. Parece ser esse o destino de Ken Parker, tanto na Itália, quanto no Brasil: ele agrada uma parcela reduzida - e extremamente fiel - de seguidores.
Por quê?
Uma conjunção de fatores presente nas tramas talvez seja a resposta.
1) O destino nunca sorri para Ken Parker. A tragédia está de tal modo presente no caminho do personagem, que mal o leitor conhece o protagonista e já presencia o assassinato de seu irmão.
O infortúnio será uma constante na série até o final, mesmo que as histórias sejam recheadas de momentos de humor e romance, além de ação e suspense.
2) Os personagens são tratados como seres humanos. Assim, muitos, quase todos, são dúbios. Ainda que haja mocinhos e vilões, por vezes a linha entre ambos é tênue.
Como nesta aventura, na qual os índios, que de início parecem querer provocar guerra, estão na verdade optando entre morrer de fome ou lutando. Este lado humanista é um dos pontos fortes do roteirista Giancarlo Berardi, como o próprio contou em entrevista ao Universo HQ.
3) A maioria dos caubóis do faroeste toma atitudes e decisões corajosas que os elevam ao patamar de serem quase "super-heróis", figuras míticas, que extrapolam o simples potencial humano. Já o pobre mortal Ken Parker terá que conviver, para o bem ou para o mal, com suas escolhas, nem sempre acertadas.
Portanto, por vezes é difícil imaginar uma identificação imediata entre o leitor e o herói, que não tem nada de "super". Muito pelo contrário.
Enfim, são somente suposições sobre uma série que, não à toa, merece ser chamada de cult.
Voltando para a edição aqui analisada, a história tem foco na busca por vingança do protagonista e é marcada por suspense e reviravoltas. Ainda estava longe do melhor da saga de Rifle Comprido, mas é um ótimo começo.
E, falando em Rifle Comprido, o leitor também fica conhecendo o motivo do apelido do herói: ele utiliza um rifle enorme, de apenas um tiro, mas dotado de grande precisão, que acaba sendo vital na trama.
Quanto à arte, não deixa de ser curioso apreciar o traço de um Ivo Milazzo mais detalhista, ao contrário do estilo que adotaria no decorrer do tempo na série, mais solto, econômico, mas ainda assim dotado de beleza e expressão impressionantes.
É difícil não valorizar de modo especial cada edição de Ken Parker quando já se conhece toda a série. Ainda mais em uma releitura - que é exatamente o caso da resenha desta primeira aventura do personagem.
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