A empreitada de Wagner Augusto de publicar na íntegra a primeira série de Ken Parker, em formato italiano e com nova tradução é, por definição, louvável. Ter levado a empreitada até a última das 59 edições é para se aplaudir em pé.

Essa saga italiana de western norte-americano é brilhante, com sua força concentrada na evolução do personagem e (por que não?) na de seus criadores.

A arte de Ivo Milazzo é linda, irrepreensível. Note o leitor a importância do formato italiano (maior que o habitual dos títulos da Bonelli no Brasil): nele percebe-se a beleza das paisagens e a força das expressões faciais dos personagens. E toda essa habilidade do desenhista seria aprimorada pelas edições.

A narrativa é muito boa, mas em representação de movimento, não há comparação com os trabalhos recentes do artista italiano em Mágico Vento, por exemplo.

Do mesmo modo, Giancarlo Berardi apresenta uma estrutura consistente e bons diálogos. Nesta edição, todos os elementos de um bom western estão presentes: índios, caçadores de escalpo, soldados, fortes e guarnições militares, perseguições a cavalo, tiroteios, brigas de saloon e romances com prostitutas.

E os índios não são selvagens violentos, tampouco os vilões são "monstros sem coração". Já existe aqui uma quebra do maniqueísmo que é importante para todo o trabalho de Berardi.

Mas essa história ainda não está em pé de igualdade com as edições posteriores de Ken Parker ou mesmo com o trabalho atual do roteirista, Julia.

Ao mesmo tempo em que os dois autores começavam a criar sua "cara" artística, Ken Parker também aparece pela primeira vez com a fisionomia que o consagrou. Depois de uma ida ao barbeiro, perde o cabelo longo e barba que usava desde o número anterior.