KEN PARKER - UM PRÍNCIPE PARA NORMA

Autores: Giancarlo Berardi (argumento e roteiro) e Ivo Milazzo e Giorgio Trevisan (desenhos).
Preço: R$ 34,00 (preço variável de loja para loja)
Número de páginas: 128
Data de lançamento: 2000
Sinopse: Ainda fugitivo da justiça por um crime que não cometeu, Ken Parker passa a trabalhar numa companhia mambembe de teatro. No entanto, a saída de dois atores da trupe o obriga a atuar na peça Hamlet.
Durante o decorrer da história são mostrados alguns aspectos da dura vida dos atores do teatro popular de rua e os preconceitos sofridos pela mulher, sobretudo quando era rotulada sob a égide do estereótipo preconceituoso da "loura burra".
A peça é um espetáculo à parte. O jovem e indeciso príncipe Hamlet descobre que aqueles que traíram e mataram seu pai foram justamente seus entes mais queridos. A partir daí, envolto em profunda depressão e melancolia, ele passa a arquitetar sua vingança, que envolve inclusive usar o teatro para denunciar os assassinos.
Positivo/Negativo: O álbum Ken Parker - Um príncipe para Norma é, de fato, uma homenagem ao teatro e ao cinema, outros meios de comunicação e expressão artística, assim como as HQs.
Como já é de conhecimento geral, o visual de Ken Parker foi retirado de Jeremiah Johnson, personagem do filme Mais Forte que a Vingança, estrelado por Robert Redford. Mas, neste álbum, o flerte com o cinema foi mais longe. A principal personagem feminina da história, Norma Jean, foi desenhada à imagem de sua homônima, a atriz a quem o próprio título do livro homenageia e que ficou mais conhecida como Marilyn Monroe, uma das mais cultuadas beldades de Hollywood em todos os tempos.
São várias as "coincidências" entre a vida de Marilyn Monroe e a da personagem Norma Jean. Ambas se casaram com 16 anos, sofreram aborto espontâneo, buscavam ser reconhecidas como pessoa e se livrar do rótulo de "loura burra".
Há passagens em que a companhia de teatro é mostrada interpretando a famosa peça de Sir William Shakespeare, resultando num magnífico trabalho de adaptação literária para a mídia dos quadrinhos. De longe, a melhor versão de Hamlet em HQs já publicada no Brasil.
Os desenhos de Giorgio Trevisan estão lindos. A arte realista aliada ao uso perfeito de luz e sombras caiu como uma luva ao drama shakespeareano. Fora da peça, o traço ficou sob a responsabilidade do sempre talentoso Ivo Milazzo. Sua Norma está perfeita, até os trejeitos e sensualidade de Marilyn Monroe foram captados e magistralmente transferidos à personagem.
Berardi, conhecido por usar seus roteiros para tratar de temas complexos (racismo, política, corrupção, honra, moral, questões de gênero), utiliza esta história para abordar alguns dos aspectos mais notórios e comentados da vida de Marilyn Monroe: o fardo de ser sempre lembrada apenas como uma pessoa bonita.
Norma Jean (a do álbum) é retratada como uma pessoa boa, com defeitos e virtudes normais, mas que, devido a rotulagens preconceituosas, carrega o fardo de ser muito bela, como se ser bonita e desejada por todos fosse a única razão de sua existência.
A narrativa da história foi criada de forma brilhante. A idéia de colocar artistas diferentes para desenhar partes da mesma história foi genial. É como se fossem duas tramas em uma. Arrancando as páginas (pelo amor de Deus, não cometa essa heresia!) e rearrumando-as, tem-se, de fato, duas histórias belíssimas. E juntas elas formam um dos melhores representante das HQs do gênero cowboy de todos os tempos.
A edição do álbum está primorosa: capa em papel cartão plastificado, logotipo Ken Parker em alto relevo, miolo em papel couché e especialmente prefaciado por Sergio Bonelli.
Os leitores que tiverem interesse em adquirir este álbum podem solicitar informações por e-mail.
Classificação:
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