Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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KEROUAC,

1 dezembro 2012

KEROUAC,

Editora: Devir Livraria - Edição especial

Autor: João Pinheiro (roteiro e arte).

Preço: R$ 25,00

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Dezembro de 2011

 

Sinopse

Kerouac, narra a vida do escritor norte-americano Jack Kerouac, um dos fundadores, junto a Allen Ginsberg e William Burroughs, do movimento artístico que ficou mundialmente conhecido como Geração Beat.

João Pinheiro aborda os acontecimentos mais marcantes da vida de Jack, revê sua trajetória literária, suas conquistas, decepções, paixões, contradições, influências estéticas e sua relação com os Estados Unidos de sua época.

Positivo/Negativo

Poetas, romancistas, loucos visionários que adoravam pegar carona na estrada e escrever sobre suas aventuras regadas a drogas e sexo casual, no compasso do bebop. Esses foram os beats. Jovens que, durante os anos de 1940 e 1950, não aceitavam o conservadorismo reacionário da América branca, zombando do american way of life. Eles queriam ser negros, livres, anjos da desolação.

Os beats criaram um novo estilo literário, que ia da prosa espontânea, desenvolvida por Jack Kerouac, à narrativa não-linear dos cut ups, de William Burroughs. Quebrar paradigmas e fazer experimentações era a norma.

Os resquícios da Geração Beat repercutiram na arte sequencial quase uma década depois, quando Robert Crumb e os chapados desenhistas da alucinada revista Zap Comix iniciaram o movimento dos quadrinhos underground.

E foi justamente do underground que veio a primeira homenagem a Kerouac e seus companheiros, com The Beats - Graphic novel, coletânea editada por Paul Buhle, em 2009, e publicada no Brasil, no ano seguinte, pela Editora Benvirá.

O artista plástico brasileiro João Pinheiro também sentiu necessidade de prestar homenagem ao "rei" dos beats. Ele escreveu e ilustrou o álbum Kerouac, lançado pela Devir, no final de 2011.

Pinheiro traça a história de vida de Kerouac, em quatro capítulos. Começando com o falecimento de seu irmão Gerard, passando por sua breve estada na Universidade de Colúmbia, seus primeiros textos rejeitados, sua ida a Nova York e a amizade com William Burroughs, Allen Ginsberg e Neal Cassady, a revolucionária escrita de On the Road, finalizando com sua saúde debilitada pela bebida, que o levou à morte, em 1969.

Auxiliado pela leitura da melhor biógrafa de Kerouac, Ann Charters, além de leituras dos diários de Jack, de seus romances e de outros expoentes da Geração Beat, como Ginsberg, Burroughs e Corso, Pinheiro fez uma ótima pesquisa documental, bem como visual, o que fica explícito em sua obra.

A arte "suja" (repleta de hachuras) e um tanto displicente, ora realista, ora caricatural, de Pinheiro, mostra que ele quis retratar, a toda velocidade, os trejeitos beats, bem como a explosão verborrágica de Kerouac.

No entanto, ele cometeu alguns deslizes anacrônicos, como na sequência em que Kerouac está indo a San Francisco, de carona com Cassady e sua esposa Luanne, no final da década de 1940, e comenta que "viveu um tempo com uma garota mexicana". Na verdade, ele só conheceu Esperanza (a quem rebatizou de Tristessa, em uma novela homônima), em 1955.

Além disso, alguns poucos erros ortográficos e de pontuação passaram despercebidos na revisão.

No mais, os fãs dos beats irão se apetecer com as numerosas referências, muito bem inseridas ao longo da trama.

Para os não iniciados, o excelente prefácio de Cláudio Willer, uma das autoridades sobre os beats, no Brasil, dá diretrizes para a leitura e os personagens retratados.

Interessante mesmo foi Pinheiro não ter se contentado em apenas fazer uma biografia editada de "Ti Jean", como o autor era conhecido. Ele mostrou que a influência de Kerouac é realmente presente em sua vida. O capítulo "bônus" está impregnado da ternura e sede de vida do homenageado.

 

Classificação:

4,0

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