Kingsman – O Diamante Vermelho
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Rob Williams (roteiro), Simon Fraser (desenhos) e Gary Caldwell (cores) – Originalmente em Kingsman – The Red Diamond # 1 a # 6 (tradução de Leandro Luigi Del Manto).
Preço: R$ 55,00
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Dezembro de 2019
Sinopse
Um terrorista internacional conhecido apenas como “Diamante Vermelho” traça um plano para colapsar a civilização global: desligar permanentemente todos os computadores do mundo.
Com todos os agentes Kingsman em missão de campo, Eggsy precisa correr contra o tempo para localizar e deter o criminoso, antes que seja tarde demais.
Positivo/Negativo
A série Kingsman surgiu em 2012, com roteiro de Mark Millar, responsável por Kick-ass e arte de Dave Gibbons, um dos gênios por trás de Watchmen.
Millar tinha uma premissa simples: mostrar o funcionamento da Agência Kingsman, um braço ultrassecreto do Departamento de Defesa do Reino Unido, por meio da história de Eggsy, um jovem da periferia de Londres que é trazido para o mundo da espionagem por seu tio, um dos agentes mais gabaritados do órgão real.
Entre 2013 e 2017, Kingsman não teve nenhum lançamento em quadrinhos. Nesse período, porém, a criação de Millar alcançou sucesso global ao se tornar uma divertidíssima franquia milionária no cinema, elogiada por público e crítica
No ano de 2017, o roteirista Rob Williams e o ilustrador Simon Fraser assumiram a responsabilidade de continuar a história de Eggsy, agora um personagem conhecido mundialmente.
É uma pena ver uma premissa cheia de potencial – imagine o estrago que o desligamento de todos os computadores do mundo causaria – ser trabalhada de forma tão desinteressante.
No livro Story, Robert McKee, um dos mais importantes acadêmicos do mundo na área dos estudos da narrativa, afirma que, em tramas nas quais há uma ameaça, a sensação de risco deve ser aumentada gradativamente no decorrer da história. O público precisa ter a sensação de que um passo em falso, por menor que seja, vai colocar tudo a perder.
Não é o que acontece em Kingsman – O diamante vermelho. Não há senso de urgência, e em nenhum momento é possível sentir que o plano do terrorista pode ter qualquer consequência real, aparentando ser um mero incidente que, apesar de trazer algumas baixas, não chega a ser mais do que um incômodo.
Eggsy se apresentou no primeiro volume como um personagem interessante, um jovem que tinha embates dentro de si entre assumir um papel que lhe foi imposto pela sociedade ou abraçar um protagonismo que lhe foi oferecido por seu tio. Aqui, ele é retratado apenas como uma grande caricatura de James Bond, mas sem o carisma que o agente britânico apresenta há mais de cinco décadas nos cinemas.
O mesmo pode ser dito sobre o vilão Diamante Vermelho, um terrorista poderosíssimo sem motivação alguma, sem um plano bem definido e apresentando o carisma de uma porta. É um personagem que não chama a atenção nem visualmente, se limitando a ser uma mistura do Rei do Crime, do Demolidor, com Jaws, dos filmes da série 007.
Nem mesmo as artes de Fraser dão algum brilho para a obra, com um fluxo de desenhos inconstante que, ora são interessantíssimos e totalmente alinhados com o clima geral da história, e ora beiram o amadorismo, com proporções bizarras, especialmente na área das mãos dos personagens.
O que salva a lambança é o projeto gráfico da Panini – bem mais interessante e bonito do que o do (horroroso) volume anterior – e o trabalho que a editora teve em contextualizar para o leitor nacional referências e gírias que fazem parte do imaginário popular britânico e norte-americano, mas que podem não ser familiares para os brasileiros.
No fim das contas, Kingsman – O Diamante Vermelho é como aquela banda que fez um único hit e que depois tentou reciclar os ingredientes do sucesso para tentar emplacar a relevância e a glória de outrora, mas sem conseguir.
Classificação:
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