Kris Klaus – Papai Noel Casca-Grossa
Editora: independente – Edição especial
Autores: Maurício Muniz (roteiro) e Joel Lobo (arte).
Preço: R$ 25,00
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Novembro de 2015
Sinopse
Um exército de vampiros tem um plano que parece perfeito: com o auxílio de uma relíquia que os permite entrar em qualquer lugar, eles resolvem tomar cidade após cidade ao redor do planeta e criar um mundo dominado pelas criaturas sanguessugas.
Os vampiros iniciam seu ataque em pleno Natal, noite em que aquele bom velhinho, Kris Klaus, mais conhecido como Papai Noel, viaja por toda a Terra para entregar presentes às crianças comportadas.
Klaus tem um passado sombrio e violento que se perdeu nas sombras do tempo. Com a ajuda de um grupo de sobreviventes e de alguns duendes amalucados, ele terá que ressuscitar sua história repleta de mortes e destruição, já que se torna a única resistência contra uma legião de monstros e seu terrível líder.
Positivo/Negativo
Ao longo dos séculos, há muitas origens para a figura do Papai Noel. Desde a mitologia nórdica baseada no deus supremo Odin (também conhecido como Wotan entre as tribos germânicas), passando pelo folclore escandinavo – no qual um velhinho entregava presentes para as crianças –, até a tradição católica centrada no Santo Nicolau de Mira.
Foi com um pé fincado numa dessas origens e o outro na cultura vampiresca que foi criado Kris Klaus – Papai Noel Casca-Grossa. Uma boa premissa, mas com um resultado bem abaixo do que se poderia esperar de um bom velhinho tendo que se tornar durão novamente para deter a proliferação de vampiros.
Na quarta capa, a HQ promete violência e humor negro. Suprimindo um palavrão solto na trama, o álbum está mais para uma leitura infantojuvenil dos temas abordados (o que não é mau, caso fosse a proposta).
A violência está lá, porém não é evidenciada pela escolha estilizada do traço em preto e branco, tornando-se mais branda, tímida e sem a força necessária. Já o humor “negro” não existe. Estão no saco do Papai Noel uma ou outra gag de sitcom requentada e meia dúzia de piadas sem a menor graça.
O tom dos discursos – tanto do lado dos vilões, quanto saído da boca do protagonista e seus coadjuvantes – é pobre, sem personalidade e rançoso, como se já tivesse lido ou ouvido inúmeras vezes enfatizado pelo cansaço da monotonia.
Há também em Kris Klaus boas ideias e situações. Quando o Noel dá uma de ninja e improvisa um shuriken usando a estrela da árvore de Natal ou quando ele aproveita o poder do sacerdócio de um padre (apesar da sequência não ser bem articulada), ou ainda a forma como os vampiros conseguem entrar nas casas sem serem convidados.
Interessante notar também como Maurício Muniz consolida a mitologia nórdica na trama, vide o olho de vidro do Papai Noel (Odin ficou caolho em troca de sabedoria) e a presença da Valquíria Brünhilde.
Apesar de haver mortes (uma cidade inteira é dizimada, renas são sacrificadas), não existe espaço para uma empatia com os coadjuvantes, os que saem do anonimato e são oferecidos rostos e nomes. A sensação durante a leitura é descartar completamente a tensão de uma ameaça concreta para eles, o que é comprovado no destino de uma das personagens.
Outro problema está nos desenhos, que não se casam com a proposta de misturar terror e humor. As cenas de ação não apresentam o dinamismo que as sequências exigem, por muitas vezes as hachuras não dão a profundidade de campo e terminam atrapalhando a leitura gráfica das páginas.
Um dos pontos positivos da arte é a bela capa pintada, uma imagem que transmite muito mais o vigor da sua temática. A edição independente possui prefácio assinado pelo cartunista Spacca, formato 21 x 26 cm e papel couché fosco com boa impressão. Houve também alguns deslizes na revisão, mas nada que comprometa a leitura.
Kris Klaus – Papai Noel Casca-Grossa possui um site oficial para os leitores interessados na HQ.
Classificação