As coletâneas de quadrinhos independentes em todas as partes do mundo têm surpreendido pela diversidade e qualidade que vêm atingindo.

O Brasil já contou com excelentes títulos, como MOSH!,Juke Box, Ragú, Subversos, Garagem Hermética e Grafitti 76% Quadrinhos, que serviam de portfólio para artistas estreantes, embora contassem com nomes já consagrados em algumas edições.

Contornando as dificuldades de produção e distribuição, resistem firmes e fortes a Prismarte, a Café Espacial, a Samba, a La Bouche Du Monde e alguns grupos que optaram por publicar via webcomics, como Terapia HQ e K-ótica.

O parâmetro internacional do quadrinho independente/alternativo é o festival de Angoulême, que acontece anualmente naquela simpática cidade francesa.

Receber um prêmio em Angoulême dá credibilidade a qualquer obra, principalmente àquelas que não têm a atenção constante da mídia por falta de uma editora que lhes dê suporte.

Em 2012, o Prêmio de Melhor Publicação Alternativa foi dado a uma revista produzida na Letônia, chamada Kuš!, a qual concorreu com a Café Espacial e outros três títulos franceses.

A partir de então, a Kuš! ganhou projeção mundial, fazendo, inclusive, um open call para todos os interessados em publicar seus quadrinhos por lá.

Para a 11ª edição, cujo tema é o processo de criação dos artistas, foram enviados 122 trabalhos e a equipe selecionou 26, dentre eles Shoulders of Giants, do mineiro Daniel Werneck.

Esta edição conta com HQs experimentais e trabalhos mais elaborados, com destaque para as irônicas Stolen Paitings, do italiano Nicoló Pellizzon, Night Windows, do britânico Dilraj Mann, Black Paint, do austríaco Nicolas Mahler, Little Clouds, do russo Roman Muradov, e a supracitada HQ de Werneck; as poéticas Working, do britânico Simon Moriton, e Necropolis, do sul-africano Jean de Wet; além da série White Cube, que tira sarro com a arte pós-moderna, do belga Brecht Vandenbroucke.

Apesar de simples, a revista é muito bem feita: tem formato pocket (A6), lombada quadrada, e apresenta um mix de estilos e técnicas em preto e branco e colorido, com textos em inglês e biografia de todos os participantes ao final.

A Kuš! foi criada em 2008, conseguiu financiamento via fundo de cultura da Letônia e, desde 2011, é publicada três vezes ao ano, porém com datas irregulares.

Mesmo sendo uma publicação das Repúblicas Bálticas, adquirir as edições é fácil, pois eles são vendidas via internet neste site.