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Reviews

La obsolescencia programada de nuestros sentimientos

10 abril 2020

La obsolescencia programada de nuestros sentimientosEditora: Oberon Libros (Espanha) – Edição especial

Autores: Zidrou (roteiro) e Aimée de Jongh (texto e arte) – Originalmente em L'obsolescence programmée de nos sentiments.

Preço: 16,95 euros

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Outubro de 2019

Sinopse

Ulises é um motorista de transportadora que é aposentado contra sua vontade pela empresa

Mediterránea é dona de uma queijaria e que acaba de perder a mãe.

Ele tem 59 anos; ela, 63. E ambos encontram dificuldade para enfrentar o envelhecimento. Até que se conhecem.

 

Positivo/Negativo

Atualmente, Zidrou não é mais um desconhecido no Brasil, como era na época em que sua primeira obra, o magnífico volume de estreia de Verões Felizes, chegou por aqui pela Sesi-SP, que está "devendo" aos leitores o quarto e o quinto álbuns da série.

Esse talentoso e prolífero roteirista belga prima por obras que transbordam sensibilidade quanto às questões humanas. La obsolescencia programada de nuestros sentimentos é só mais uma prova disso.

O álbum narra uma parte (passado e presente) das vidas de Ulises e Mediterránea. Eles se conhecem na sala de espera do consultório de um ginecologista. Ela é paciente do filho dele.

Mediterránea é solteira. Ulises é viúvo. E os dois lidam mal com o ato de envelhecer. O que é mostrado nas páginas talvez não faça sentido para leitores mais jovens, mas... que paulada! É inevitável se colocar no lugar dos personagens. Afinal, todos sofremos com os efeitos do tempo, no corpo e na mente. O lance é como fazemos isso.

Com diálogos marcantes, Zidrou aborda o ato de envelhecer, de perder vitalidade e beleza, de lembrar do passado, os medos e dúvidas, mas também que nada disso impede as pessoas de continuar a viver. E a sonhar.

E a HQ ainda mostra com extrema habilidade o preconceito de algumas pessoas mais jovens com os mais velhos (os tempos de coronavírus que o digam!), e como a vida pode pregar peças – boas e ruins – a todos.

O enredo tem uma reviravolta marcante ao mostrar que a vida ainda corre forte nas veias de Ulises e Mediterránea. E a condução do roteiro e da arte ao retratar isso é tão singela, que é difícil não se emocionar.

Os desenhos da holandesa Aimée de Jongh (que também trabalha com animação) retratam todas essas incertezas de forma leve e muito bonita, com uma paleta de cores de extremo bom gosto. Sua diagramação das páginas brinca várias vezes ao extinguir os requadros, com resultados excelentes.

A edição da Oberon foge ao padrão de outras obras de Zidrou na Europa, por ser em capa cartonada. Há, perto do final, um balão em que o texto vazou as bordas. Nada suficiente pra diminuir a nota desta resenha.

La obsolescencia programada de nuestros sentimientos consegue fazer a "mágica" de fazer o leitor se afeiçoar aos personagens. Os brasileiros merecem ler mais coisas escritas por Zidrou.

Classificação:

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