Lazarus – Dois
Editora: Devir – Edição especial
Autores: Greg Rucka (roteiro), Michael Lark com Brian Level (arte) e Santi Arcas (cores) – Originalmente publicado em Lazarus # 5 a # 9 (tradução de Kleber de Sousa).
Preço: R$ 55,00 (capa cartonada) e R$ 70,00 (capa dura)
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Dezembro de 2018
Sinopse
O mundo não se encontra mais dividido em fronteiras geopolíticas. Agora, as fronteiras são econômicas. Riqueza é poder e ele está nas mãos de apenas um punhado de famílias.
Os poucos que fornecem serviços para a Família no poder estão protegidos, e ascendem à condição de Servos, garantindo para si e para seus amados um certo nível de conforto e cuidados. Todos os outros são Refugos.
Joe e Bobby Barret são Refugos que lutaram por anos para criar seus filhos sob o olhar da Família Carlyle. Quando o lar deles é destruído, a única chance de sobrevivência da família está na “seleção de ascensão”.
Agora, os Barret terão que viajar 800 quilômetros até a cidade de Denver para que seus filhos tenham a oportunidade de virar servos.
Em Los Angeles, Forever Carlyle, a Lazarus geneticamente alterada de sua família, luta contra mentiras, traições e atos de terrorismo perpetrados por um grupo conhecido como Os Livres.
Positivo/Negativo
O segundo volume de Lazarus constata que a HQ tem toda a estrutura de roteiro de um seriado de TV, com tramas que serão exploradas em doses homeopáticas, situações de tensão, reviravoltas e novos seguimentos para expandir o que virá a seguir.
A ascensão social é o tema central desse novo arco. Rucka deixa de lado algumas subtramas para se dedicar a novos personagens e mostrar mais do passado da Forever, a guarda-costas da Família Carlyle. Inclusive, a grande revelação do volume 1, aqui recapitulado em uma página.
Outro ponto importante anteriormente explorado, a fuga de um dos gêmeos da família, Jonah, acusado de traição pela irmã Johanna, também só é tocado em poucas páginas, deixando esses plots para uma espécie de interlúdio.
Inclusive, Rucka brinca com a dualidade da ardilosa Johanna, vista até com outros olhos em determinados momentos de preocupação com a Forever. E o leitor constata o quanto ela pode ser ardilosa usando apenas a persuasão para frustrar uma investida terrorista.
Nesse novo mundo, a mudança de casta ficou bem mais difícil e concentrada. É como um grande concurso cheio de testes rígidos, que levam em conta desde as habilidades até as heranças genéticas dos marginalizados Refugos para se tornarem Servos.
Antes, em duas frentes, o roteirista aborda os problemas administrativos que um membro da família pode ter para colocar a casa em ordem, junto a transtornos burocráticos dos que estão na base da pirâmide social, batendo de frente com os sempre presentes castigos climáticos.
Essa última situação apresenta a família Barret, Refugos que vão tentar a sorte na seletiva na distante cidade de Denver. Por intermédio de seus membros, são abordados o desespero, o sacrifício e a luta para melhorar de vida. Algo bastante próximo aos refugiados pelo mundo real que abandonam tudo para fugir da fome e da violência.
Outra faceta também vista na realidade é a atividade de guerrilha dos rebeldes, que não medem esforços para atos terroristas, rendendo as sequências mais tensas do encadernado, bem semelhantes às (bem escritas) séries televisivas, mesmo não se livrando dos modelos da camisa de força do gênero.
Distribuído ao longo dos capítulos, o crescimento de Forever como Lazarus é acompanhada pela mesma rigidez do programa de ascensão. A frieza e distância da protagonista são justificadas pela sua criação e admiração pelo seu pai, o chefe dos Carlyle.
Muito se diz quando ele presenteia a filha com um exemplar da antologia arturiana O Único e Eterno Rei, do britânico TH White (1906-1964), ou quando Forever toma uma inteligente decisão baseada no dilema de um confronto definitivo para merecer a espada da família e o cargo por consequência.
A arte de Lark (ajudado por Brian Level) garante o clima de ficção com pé no chão, mesmo que o quadrinhista se atrapalhe um pouco na hora de retratar a Forever criança.
O gancho para a próxima edição não é tão “empolgante” quanto foi no arco anterior, mas o que o escritor ainda deixou sem respostas garante a curiosidade para saber se ele retomará nos próximos tomos, agora com mais um núcleo para desenvolver.
Repetindo a formatação do volume de estreia, a edição da Devir tem duas versões (capa dura e capa cartonada sem orelhas), aplique de verniz localizado, formato 17 x 26 cm, e papel couché de excelente gramatura e impressão. Novamente sem nenhum material extra neste volume, fora as capas originas abrindo cada capítulo.
Classificação:
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