LEÃO NEGRO - SÉRIE ORIGENS - VOLUME 1 - GARDO
Autores: Cynthia Carvalho (texto e tonalização) e Ofeliano de Almeida (texto de Magala e desenhos).
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Maio de 2008
Sinopse: Esta edição de Leão Negro reúne três histórias.
Na ilha de Gardo - Depois de peregrinar mundo afora, o leão negro Othan volta à sua ilha-natal, Gardo, onde é aprisionado pelo próprio irmão, Isauh. No calabouço em que é acorrentado, conhece a oficial sul-lapuana Tchí Harbram, uma nova escrava que se revela uma vigorosa combatente.
No mundo subterrâneo - Othan e Tchí tentam resgatar as tropas da Lápua do Sul.
Magala - Othan cobra uma velha dívida em nome de uma feiticeira.
Positivo/Negativo: Depois de uma estréia conturbada, com problemas graves na tonalização, a HQM Editora acaba de lançar o segundo álbum de Leão Negro.
Desta vez, porém, o resultado é bastante diferente: a qualidade das imagens teve uma melhora significativa.
Nem tudo é perfeito: em algumas áreas, a tonalização ainda está artificial demais, seguindo não a luz do quadro, mas o contorno dos traços da arte. Mas isso não é nada perto do mau resultado de Pepah.
Isso, de várias maneiras, é um alívio. Afinal, Leão Negro é uma grande série de aventura dos quadrinhos brasileiros. Publicada originalmente no jornal carioca O Globo, na segunda metade dos anos de 1980, tornou-se uma HQ de sucesso. Chegou a ser publicada na Europa em revista e álbum. Há quatro anos, houve até mesmo uma tentativa - logo abandonada - de republicar a obra de forma independente.
É justamente este material clássico que sai nesta nova edição. Depois do volume com histórias inéditas, Gardo marca a inauguração da Série Origens, que reúne o começo da saga do Leão Negro.
A arte é do co-criador Ofeliano de Almeida e, portanto, a mesma que ajudou a série a fazer sucesso a partir do jornal. Em Na ilha de Gardo e No mundo subterrâneo, dá até para perceber como as tirinhas foram remontadas em páginas inteiras. Numa dupla, a primeira metade é sempre uma tira dominical. O resto são tiras diárias, rediagramadas para incrementar o ritmo da narrativa.
Magala, por sua vez, é uma história desenhada especialmente para o álbum Brazilian Heavy Metal, que compilou trabalhos de vários artistas nacionais.
Com um roteiro feito por ele mesmo, Ofeliano se livra da prisão dos formatos de jornal e ganha mais espaço para desenvolver seu traço. Se em espaços fixos já era bom, Leão Negro sem amarras é melhor ainda.
Mas não é só da arte de Ofeliano que a série se sustenta. Os roteiros também cumprem seu papel com mestria, a começar pelos diálogos sarcásticos e astutos. Outro ponto forte da trama é a construção do argumento. Cynthia faz um belo cozido de gêneros para compor seu mundo de animais antropomorfizados.
A série evoca grandes clássicos o tempo todo. Vai desde Dumas, com O Homem da Máscara de Ferro, passando por clássicos da fantasia, como Conan, de Robert E. Howard.
Em Magala, Ofeliano segue à risca a receita e se dá bem ao criar uma versão de um conto da saga galego-portuguesa A demanda do Santo Graal.
Mas, acima de tudo, o que atrai nos roteiros de Leão Negro é o tom sacana. Ninguém é confiável - ao mesmo tempo em que os personagens são sexy e envolventes, todos parecem prontos para passar a perna no sujeito ao lado. É nessa canalhice que a série escancara sua originalidade. E é por ela que o álbum mais vale a pena.
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