Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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LEX LUTHOR – HOMEM DE AÇO

1 dezembro 2011

LEX LUTHOR - HOMEM DE AÇO

Editora: Panini Comics

Autores: Brian Azzarello (texto), Lee Bermejo (arte), Mick Gray, Karl Story, Jason Martin (arte-final adicional) e Dave Stewart (cores) - Originalmente em Lex Luthor - Man of Steel # 1 a # 5.

Preço: R$ 12,90

Número de páginas: 128

Data de lançamentoSetembro de 2011

 

Sinopse

Um dos mais famosos embates dos mundos dos quadrinhos é narrado a partir do ponto de vista do principal antagonista daquele que é considerado o maior de todos os super-heróis.

Positivo/Negativo

A capacidade de fazer o leitor vivenciar novas perspectivas, bem diferentes de suas convicções habituais, é uma das habilidades mais ambicionadas por escritores, independentemente da mídia em questão: da literatura aos quadrinhos, passando pelos roteiros de teatro, cinema e televisão.

Como o assunto aqui são as HQs, impossível não lembrar do trabalho feito por Alan Moore na criação do personagem Rorschach em Watchmen como um dos exemplos máximos de tal capacidade de provocar empatia alheia.

O quadrinhista britânico dedicou tamanho empenho à construção da personalidade daquele controverso anti-herói encapotado, que muitos poderiam pensar que ele próprio defende ideias semelhantes.

No entanto, quem conhece algo do criador, um anarquista convicto, sabe que Moore não poderia ter uma ideologia mais distinta daquela defendida por sua criatura fascistoide.

Algo assim foi feito pelo norte-americano Brian Azzarello em relação a um personagem que não é de sua autoria e já ganhou versões diversas pelas mãos de muitos dos melhores profissionais da indústria dos comics. Em Lex Luthor - Homem de Aço, ele permite ao leitor um mergulho em profundidade na mente do grande inimigo do primeiro super-herói da DC Comics.

Ao longo da trama, compartilhando pensamentos e impressões do antagonista que virou protagonista, o roteirista apresenta diversas facetas de um personagem que em seus primórdios foi apenas o estereótipo do vilão cientista louco. Um gênio científico por si mesmo, mas que não hesita em procurar - ou forçar - a ajuda de outras mentes privilegiadas. Um empresário ao mesmo tempo sinceramente interessado no cotidiano de seus funcionários mais humildes e que conspira contra interesses coletivos dos sócios ou dos trabalhadores.

Mas, acima de tudo, um idealista. Alguém que escolheu se por no caminho de uma criatura superpoderosa e adorada quase unanimemente por ver em sua intervenção um entrave à evolução da humanidade.

Sem esconder as atrocidades que Lex Luthor comete para alcançar seus objetivos, Azzarello permite ao leitor um diálogo com as intenções mais profundas daquele outro homem de aço e mostra como ele justifica para si mesmo suas ações.

O trabalho do roteiro é complementado e enriquecido pelos desenhos de Lee Bermejo. Com sua arte detalhista e cheia de relevos, ele cria um Luthor demasiadamente humano, em contraposição a um Superman alienígena como nunca.

Visto pela perspectiva de seu inimigo, o visitante de outro planeta está sempre pairando acima dos humanos, com assustadores olhos vermelhos brilhando nos céus. Uma presença quase sempre muda, repressora, vigiando seu algoz do outro lado da janela nos últimos andares de um edifício de Metrópolis.

Como destaca a chamada de capa, a mesma dupla trabalhou mais tarde com outro vilão: o Coringa. Vale lembrar que este álbum, feito primeiro, não é uma história tão orgânica quanto aquela, pois Coringa foi uma graphic novel pensada como obra inteira, com começo, meio e fim.

Lex Luthor - Homem de Aço foi organizada como uma minissérie em cinco partes. O que a Panini lança agora é a compilação do material em um único volume, depois de publicá-lo anteriormente na revista Superman, em 2006, a partir da edição # 44.

O ritmo da HQ, portanto, é determinado pelas necessidades narrativas de cada parte que a compõe. Com isso, nem sempre flui tão bem quanto poderia, caso não houvesse tais cortes bruscos. Assim, alguns trechos são melhores do que os outros.

O auge é mesmo na terceira parte, quando Luthor vai até Gotham City, requisitar a ajuda das indústrias Wayne em seu intricado projeto. Além de contar com uma excelente interpretação do alter ego de Batman, este capítulo foi executado de maneira não linear, misturando acontecimentos do passado e do presente. A maneira como se complementam o texto e os desenhos são uma aula à parte de Azzarello e Bermejo.

Em outros momentos, os acontecimentos acabam sendo acelerados para dar conta de todo o complexo plano em andamento. É o caso da criação de uma nova super-heroína. Se os criadores fossem menos hábeis, poderiam ter perdido a mão, mas o resultado garante a qualidade do começo ao fim, com uma trama cheia de elipses, em que o não dito é tão importante quanto o que é explicitado.

Um dos melhores confrontos já vistos desta luta épica entre Luthor e Superman que se arrasta há gerações, entre uma zerada e outra da cronologia da DC Comics. Um lançamento dos mais interessantes, mesmo para quem já havia lido a minissérie, agora reunida e apresentada em papel de melhor qualidade e com preço honesto.

Classificação:

4,0

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