Confins do Universo 215 - Pelas sete esferas do Dragão!
OUÇA
[adrotate group="9"]
Reviews

LIGA DA JUSTIÇA # 54

1 dezembro 2007


Título: LIGA DA JUSTIÇA # 54 (Panini
Comics
) - Revista mensal

Autores: História Secreta - Howard Chaykin (roteiro), Kilian Plunket (desenhos) e Tom Nguyen (arte-final);

Quem tem medo de Fantasmas? - Paul Levitz (roteiro), Rags Morales (desenhos), Dave Meikis (arte-final) e Luke Ross (arte das seqüências no passado);

Confraria de Vilões - Jen Van Meter (roteiro), Patrick Olliffe (desenhos) e Ruy Jose (arte-final).

A Vingança dos Lanternas Verdes - Geoff Johns (roteiro), Ivan Reis (desenhos) e Marc Campos (arte-final).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2007

Sinopse: História Secreta - Em duas republiquetas latino-americanas - San Bertriza e Del Canto - surgem ataques terroristas feitos por super-humanos. A ONU, temerária da hegemonia norte-americana no campo dos super-heróis, não permite que a Liga da Justiça intervenha. Mas o grupo vai agir de qualquer jeito.

Quem tem medo de Fantasmas? - Um ano depois do final da Crise Infinita, fantasmas começam a assombrar a Sociedade da Justiça da América.

Confraria de Vilões - Um grupo de vilões se articula para combater a SJA.

A Vingança dos Lanternas Verdes - Um ano depois de Crise Infinita, Hal Jordan tenta derrotar Ígneo em espaço aéreo russo. Mas uma tropa de Sovietes Supremos o ataca, acusando o Lanterna Verde de invasão.

Positivo/Negativo: Na capa desta edição, um selo indica que a revista integra o evento Um Ano Depois - em que as revistas de linha da DC dão um salto temporal e passam a contar fatos relativos a um ano depois do desfecho da minissérie Crise Infinita (o lapso será contado na série 52, com estréia anunciada para julho).

A estratégia funciona bem em alguns títulos. Superman
# 54
é uma das melhores revistas no Homem de Aço nos últimos tempos.
Mas em Liga da Justiça a coisa não é bem assim.

Quando o leitor abre a revista, dá de cara com uma história da Liga. Mas a trama desenvolvida por Howard Chaykin não se passa um ano depois. Pelo contrário: cronologicamente, se encaixa mais ou menos um ano antes do começo de Crise Infinita.

História Secreta faz parte do título norte-americano JLA Classified - aqui traduzido como LJA - Arquivos Confidenciais. Nessas aventuras, um grupo criativo supostamente acima da média fica encarregado de contar uma trama que se desenvolve no passado dos personagens.

A Panini tem utilizado os Arquivos Confidenciais para tapar buracos e acertar a cronologia da DC durante os eventos de Crise Infinita, que exigem um certo alinhamento entre as histórias. A Liga da Justiça, por exemplo, se desmantelou - e seu título próprio foi cancelado.

O novo, comandado por Brad Meltzer, só atinge o momento certo de publicação no Brasil daqui a alguns meses. Portanto, sua vaga aberta deixaria um buraco.

O problema é que não há nada indicando claramente que Histórias Secretas não seja uma aventura que faz parte de Um Ano Depois. Até porque ela começa imediatamente após o editorial que explica a mecânica do evento.

O texto dos editores chega a recomendar a fase como um bom momento para os novos leitores. O que, na teoria, faz muito sentido - quando se pula um ano inteiro de histórias, todo mundo fica meio perdido junto.

Mas, na prática, um leitor recém-chegado ao Universo DC tende a ficar perdido com LJA # 54. Desabituado com os códigos das HQs e sem a carga de conhecimento enciclopédico que a cronologia exige, um novato pode ficar totalmente sem norte.

O caso se repete com a Sociedade da Justiça. A primeira história da equipe, Quem tem medo de Fantasmas?, faz parte de Um Ano Depois. Quando ela acaba, começa o segundo arco de SJA - Arquivos Confidenciais, sem nenhum aviso, a não ser um discreto logotipo na capa que antecede a edição. Mas, em compensação, o crédito da HQ indica que ela foi publicada originalmente em JSA # 5, e não em JSA Classified # 5, que seria o correto.

Mais uma vez, é uma história que não faz parte de Um Ano Depois. Olhando de fora, é bastante confuso.

Idiossincrasias do gênero são típicas dos quadrinhos de super-heróis, um mundo mais hermético do que parece. Faz parte do jogo, claro, e até mesmo da diversão da leitura. Mas, num momento em que as HQs precisam urgentemente de uma expansão de público (e parece haver gente disposta a entrar no jogo), apregoar que uma edição tão confusa é ideal para iniciantes é mais do que um erro de avaliação: chega a ser perigoso.

Decisões editoriais à parte, Liga da Justiça # 54 tem duas histórias inusitadamente relacionadas. LJA - Arquivos Confidenciais e Lanterna Verde tocam num assunto delicado, que reflete seu próprio tempo: a relação dos super-heróis norte-americanos com a hegemonia territorial dos países por onde passam.

Na história da Liga, os heróis são impedidos de combater supostos supervilões em duas republiquetas latino-americanas - em um movimento coordenado pela embaixadora da Holanda, aliada dos Estados Unidos, na ONU. Já o Lanterna Verde é atacado por uma tropa de Sovietes Supremos ao invadir espaço aéreo russo.

Nos dois casos, super-heróis são vistos como armas. E como norte-americanos. Chaykin, um autor mais ácido e historicamente voltado para questões políticas, chega a diferenciar os personagens dos Estados Unidos, como Flash e Kyle Rayner, dos estrangeiros, como Aquaman e Mulher-Maravilha. Os ianques são bobos e autocentrados. Não entendem a dinâmica global. São os demais que têm visão mais holística das engrenagens do mundo.

E os icônicos Batman e Superman ficam à parte, como norte-americanos que cumpriram jornadas internacionais anos antes, em seus períodos de formação e, portanto, compreendem o mundo.

As duas histórias são um reflexo nítido da situação política dos Estados Unidos e sua guerra no Iraque. Por mais que sejam vistos no senso comum como mastros voadores da bandeira norte-americana, não é de hoje que heróis são usados por seus autores para criticar a postura do governo.

Curiosamente, um dos personagens mais contestadores da DC aparece na história do Lanterna Verde como um conservador. É o Arqueiro Verde, que critica o amigo Hal Jordan. Oliver Queen se tornou prefeito de sua cidade (como será visto em seu título próprio, que sai em Superman & Batman). Pelo visto, o cargo vai afetar a personalidade rebelde do herói.

Sem grandes pretensões políticas, as duas histórias da Sociedade da Justiça complementam a revista. O começo de arco escrito pelo veterano Paul Levitz, atual presidente da DC Comics, funciona bem - e ainda tem belas páginas do brasileiro Luke Ross.

Mas o arco de SJA - Arquivos Confidenciais não tem brilho algum - é arrastado e verborrágico. Fica aquém da proposta do título original, que deveria trazer HQs acima da média.

Há outros brasileiros desenhando nesta edição: Ivan Reis e Marcelo Campos iniciam sua fase como artistas titulares do Lanterna Verde. A dupla já cuidou de Superman e da minissérie Guerra Rann Thanagar, publicada em Contagem Regressiva para a Crise Infinita.

Classificação:

4,0

Leia também
[adrotate group="10"]
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA