LIGA DA JUSTIÇA # 62
Autores: O quarto paralelo - Dan Slott (roteiro), Dan Jurgens (desenhos), Trevor Scott (arte-final) e I.L.L. (cores).
Os outros entre nós - A.J. Lieberman (texto), Al Barrionuevo (desenhos), Bit (arte-final) e Marta Martinez (cores);
O rastro do Tornado - Brad Meltzer (texto), Ed Benes (desenhos), Sandra Hope (arte-final) e Alex Sinclair (cores).
Preço: R$ 7,50
Número de páginas: 104
Data de lançamento: Janeiro de 2008
Sinopse: O quarto paralelo - Um rapaz fracassado acaba ganhando os poderes de John Dee, o Doutor Destino. Capaz de lidar com infinitas possibilidades, o sujeito se torna um milionário bem-sucedido, até que decide enfrentar a Liga da Justiça.
Os outros entre nós - Marcianos são suspeitos do assassinato de dois agentes do DOE - Departamento de Operações Especiais, e o Caçador de Marte não pode mais ignorar o fato.
O rastro do Tornado - A busca pelo corpo do Tornado Vermelho acaba levando a nova Liga da Justiça a encontrar outro velho inimigo.
Positivo/Negativo: Esta edição começa com uma boa surpresa: as duas primeiras partes do novo arco de LJA Arquivos Confidenciais. A criação é de Dan Slott (Mulher-Hulk), com arte de Dan Jurgens, um antigo conhecido dos leitores da Liga e de Superman.
Na primeira parte, que ocupa 40 páginas (daí o aumento de páginas e preço desta edição), é revelado como Darrin Lukros ganha os poderes do Doutor Destino e se torna capaz de alterar a realidade a partir da escolha precisa de probabilidades. Sim, a idéia é confusa, e justamente por isso a HQ às vezes parece verborrágica. É claro que se deve levar em conta que há todo um rolo metafísico nesse modelo de probabilidades, então, é melhor fazer como o vôo do Superman: deixar as piolhices para lá e curtir a trama.
Slott consegue explicar o que está acontecendo na boa, sem forçar a barra, misturando a ação e as explanações com seu texto leve e bem-humorado. A trama flui e, quando se vê, a Liga está diante de um novo vilão muito bacana.
Em seguida, vem a grande sacada do arco: Slott usa o fato de que Lukros é capaz de eleger suas realidades favoritas para derrotar a Liga e opta por mostrar algumas versões prováveis do confronto. Neste número, está o primeiro deles, que chega a um desfecho. Nos próximos, outras realidades serão apresentadas. A idéia é interessante e, graças ao bom começo, empolgante.
O quarto paralelo se revela um dos melhores começos de arcos de LJA Arquivos Confidenciais, série que mostra tramas do passado da Liga feitas por times criativos supostamente mais sofisticados.
Pena que, mais uma vez, a Panini não se dá conta de que atua em um mercado diferente do norte-americano. Sem catálogos elaborados, divulgação bem-feita nem previews sofisticados, fica difícil o leitor diferenciar o conceito da história. Uma simples nota no começo da revista o ajudaria a se situar a respeito do que está prestes a ler - e faria toda a diferença para clarificar a vida de eventuais novatos.
Claro que há saídas até mais bacanas, como a criação de um logotipo exclusivo para a série ou uma página que revele suas características, mas uma nota bem visível já estaria de bom tamanho. Afinal, os quadrinhos de super-heróis são complexos e têm lá suas idiossincrasias, mas parece claro que é papel do editor amenizá-las sempre que possível.
Se se duvida dessa necessidade, basta ver que a outra metade da revista mostra os mesmos personagens em situações muito distintas: a Liga está numa formação completamente diferente, enquanto o Caçador de Marte virou um herói solitário.
A série de J'Onn J'Onzz continua sendo o maior problema da revista: não tem brilho nenhum. É mediana, com arte no limite do aceitável. Lê-la não faz mal a ninguém, mas também não faz nenhuma diferença.
A trama soma-se a outras séries irrelevantes que a Panini tem publicado em seus títulos mensais, escancarando que o movimentado mercado norte-americano também tem muita porcaria para oferecer aos leitores dolarizados.
A sorte do leitor é que logo em seguida o nível volta a melhorar. A Liga de Meltzer e do brasileiro Ed Benes é uma aventura de super-heróis empolgante. A narrativa entrecortada dá um ritmo muito ágil à leitura, deixando a sensação nítida de que tem muita coisa acontecendo - e tem mesmo!
Aos poucos, Meltzer vai revelando que o tema de seu arco é grandioso: ele está fazendo o Livro da Vida do Universo DC. O roteirista está trazendo para perto heróis e vilões que vivem no limiar entre vida e morte. Desafiador é um morto que vive vidas alheias - por sinal, um contraponto ao vilão Starro. O Tornado Vermelho é um robô vivo. O vilão revelado no fim desta edição deixa as coisas ainda mais claras.
Em meio a questões filosóficas e metafísicas, esta edição de Liga da Justiça abre 2008 com boas séries. O eventual retorno de Lanterna Verde nos próximos meses deve melhorar ainda mais a revista. As perspectivas são promissoras: o ano começa com pé direito.
Classificação: