LIGA DA JUSTIÇA # 68
Autores: Plantão de monitor - Brad Meltzer (texto), Ed Benes, Eric Wight (desenhos), Sandra Hope (arte-final) e Pete Pantazis (cores);
Justiça-relâmpago - Mark Waid (texto), Daniel Acuña (arte e cores), Karl Kerschl, Manuel Garcia, Daniel Acuña (arte), Ian Churchill, Joe Bennett (desenhos), Ruy José, Norm Rapmund (arte-final), Stephane Peru, Tanya Horie e Richard Horie (cores);
Sinos & Apitos - Geoff Johns (texto), Fernando Pasarin (desenhos), Rodney Ramos (arte-final) e Jerome Cox (cores);
Húbris - J. Torres (texto), Paco Dias (arte) e Peter Pantazis (cores).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Setembro de 2008
Sinopse: Plantão de monitor - Muita coisa pode ser revelada em um plantão no monitor da Liga da Justiça.
Justiça-relâmpago - De volta, Wally West, o Flash, persegue Inércia, o assassino de Bart Allen.
Sinos & Apitos - Liberty Belle, da Sociedade da Justiça, mergulha no passado para reencontrar os poderes perdidos.
Húbris - Mulher-Maravilha enfrenta as conseqüências do ataque das amazonas.
Positivo/Negativo: A 70ª edição de Liga da Justiça integrou a reforma editorial por que a linha DC da Panini passou em setembro - marcada pelo chaveiro-brinde e pela cor especial na capa.
A idéia central da mudança, segundo a editora, era a de reorganizar a casa - o que resultou na extinção de dois títulos (Universo DC e Os melhores do mundo), na paralisação temporária de outros três (Batman Extra, DC Especial e DC Apresenta) e na criação de uma nova revista mensal (Dimensão DC - Lanterna Verde) e de uma minissérie em treze partes (Prelúdio para a Crise Final).
A revista da Liga da Justiça foi uma das mais atingidas pela mudança. De seus quatro títulos mensais, apenas o carro-chefe não foi herdado de uma das publicações extintas. Flash e Mulher-Maravilha compunham o mix de Os melhores do mundo, enquanto Sociedade da Justiça fazia parte de Universo DC. Ao mesmo tempo, as séries do selo JLA Arquivos Confidenciais, bastante irregulares, perderam seu espaço.
À primeira vista, ao reunir os carros-chefe de três revistas, Liga da Justiça sai fortalecida das reformas. Mas ainda é cedo para avaliar o impacto, pois as quatro histórias desta primeira edição pós-reforma são de exceção.
Liga da Justiça, por exemplo, traz a última das 12 partes da fase do romancista Brad Meltzer no título. Mais do que uma HQ convencional do grupo, é um tributo do autor ao grupo - e uma tentativa de amarrar algumas pontas soltas.
Meltzer faz uma história calcada em um velho ritual dos grupos de super-heróis: o plantão do monitor. Em vez de mostrar mais um desgastado combate com supervilões, o roteirista foca na tensão entre as batalhas. E deixa margem para o leitor entender que é nessa hora, justamente quando precisam agir como humanos em vez de guerreiros, que os heróis encaram os momentos mais difíceis.
Não deixa de ser um bom desfecho para uma série alicerçada nas relações entre os membros da Liga. Apesar disso, em alguns momentos, a narrativa polifônica parece truncada, o que torna a leitura um pouco maçante em certos pontos.
Merece menção, também, a participação do desenhista brasileiro Ed Benes na série - naquele que é um de seus melhores trabalhos.
Flash também é uma história de exceção. Trata-se da volta de Wally West após a morte do jovem Bart Allen. Nesta edição, uma história fechada mostra o herói perseguindo o assassino do primo.
Há outro retorno que merece lembrança: o do roteirista Mark Waid, responsável pelas histórias de West nos anos de 1990 e, por tabela, por sua popularização como um dos heróis mais carismáticos da DC.
Waid faz uma história simpática, que fecha pontas soltas e prepara o personagem para o futuro.
Incomoda, porém, a falta de explicação a respeito do tempo em que West passou sumido com sua família. Soa como um mistério bobo - e pior, como se a equipe criativa não tivesse uma boa resposta na época.
Em compensação, a arte de Daniel Acuña se destaca. Em meio a tantos trabalhos irregulares, seu estilo, que evoca os desenhos animados, tem charme e graça - dá gosto de ver.
Geoff Johns e Fernando Pasarin fazem uma daquelas histórias fechadas que servem para dar profundidade aos membros da Sociedade da Justiça. Numerosos, normalmente os integrantes do time não conseguem espaço para serem explorados na série regular.
A trama de Liberty Belle consegue aprofundar na história da super-heroína, mas o resultado é pífio, forrado de clichês e melodramático. Com uma dose de ação, pode até empolgar os fãs do gênero, mas está longe de ser memorável.
De qualquer maneira, o ponto mais baixo da revista é a história da Mulher-Maravilha. O problema é a trama. Ligada à horrenda minissérie O ataque das amazonas, desdobra os eventos em torno da invasão das guerreiras aos Estados Unidos. Mas, com raízes apodrecidas, não consegue dar a volta por cima e encantar o leitor.
Com a reforma, Liga da Justiça dá sinais de melhora, mas ainda é um emaranhado de altos de baixos. Claro que a reorganização é bem-vinda, mas há um problema intransponível para a Panini: a qualidade das histórias produzidas pela DC que a editora italiana é obrigada a replicar por aqui.
Enquanto as mudanças não vierem lá de fora, a Panini vai continuar refém de histórias fracas para compor duas revistas mix.
Classificação: