Autor: Vittorio Giardino (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 31,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Julho de 1990

Sinopse: Uma linda jovem se envolve em diversas aventuras que, para sua frustração e para a felicidade de seu analista, se revelam como meros sonhos.

Positivo/Negativo: Little Ego é uma das mais leves e divertidas obras da série Opera Erotica, lançada nos anos 1980 pela Martins Fontes. Seu autor, o mestre italiano Vittorio Giardino, bebeu numa das fontes mais referenciais dos quadrinhos para criar a sua problemática Ego: o clássico de Winsor McCay, Little Nemo in Slumberland.

Assim como Nemo, Ego também acorda ao final de cada uma de suas curtas aventuras (sempre duram poucas páginas) certa de que era tudo um sonho. Mas, enquanto o fantástico onírico de McCay beirava apenas o surreal, o de Giardino inclui incisivamente na fórmula a questão sexual, apenas sugerida em poucas páginas do mestre norte-americano.

O resultado é uma leitura descompromissada e leve, que, aliada ao belo e inventivo traço de Giardino, leva Little Ego a um posto de destaque nas grandes mulheres do quadrinho europeu. Mesmo não sendo tão badalada como personagens e obras - por vezes muito inferiores - de nomes como Guido Crepax e Milo Manara.

Algo interessante neste álbum é a sequência final, que apresenta aventuras mais longas e que se interconectam, como acontece algumas vezes em sonhos reais, em que a pessoa volta a sonhar a partir do ponto em que parou na noite anterior.

Uma curiosidade do álbum é a tradução de Pier Luigi Cabra, que faz questão de verter nomes como Onix (personagem feminina que se torna Ônis na versão nacional), mas mantém outros como Morpheus (que poderia ter sido vertido perfeitamente para Morfeu).

Há outros detalhes interessantes na tradução, como o formalismo da linguagem, tendendo ao português falado em Portugal. Mas, ainda assim, é um trabalho bem feito.

Este e diversos outros álbuns da Martins Fontes ainda podem ser encontrados no site da editora, que recentemente teve sua sociedade reformulada e seu catálogo dividido entre WMF Martins Fontes e Martins Editora - cada uma pertencendo a um herdeiro do fundador original da tradicional casa publicadora. Talvez seja um dos encalhes de maior qualidade do mercado brasileiro de quadrinhos.

Pelo menos, assim fica mais fácil para o leitor conferir porque vale a pena se perder nas curvas da mente e do corpo de Ego. Até, claro, que, infelizmente, seja preciso acordar.

 

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