LOBO SOLITÁRIO #1
Título: LOBO SOLITÁRIO #1 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: Kazuo Koike (roteiro) e Goseki Kojima (arte).
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 304
Data de lançamento: Janeiro de 2005
Sinopse: Um samurai atravessa o Japão do período Edo - o equivalente
ao nosso século 17 - com um bebê a tiracolo, acusado de um crime que não
cometeu.
Positivo/Negativo: Lobo Solitário é um dos melhores lançamentos
do ano. Resenhá-lo volume a volume, portanto, é uma das tarefas mais aborrecidas
que um homem pode ter. Para ficar no bê-á-bá teríamos, ao final dos 28
volumes da série, um volume gigantesco de adjetivos para descrever a obra.
E mais um punhado de descrições de cenas deslumbrantes, de tirar o fôlego.
Afinal, este é um dos melhores mangás de todos os tempos e uma das HQs
que mais se aproximou da perfeição.
Praticamente não há restrições nas mais de sete mil páginas de histórias.
Olhando do início, a sucessão de notas máximas promete bater os recordes
de cinco balões do Universo HQ para uma só série.
O que Lobo Solitário apresenta é uma vastidão de temas a serem
discutidos. São abordagens literárias, de narrativa de quadrinhos, mas
também aspectos históricos e humanos que certamente não se esgotam em
28 textos.
Neste primeiro volume, o que chama a atenção do leitor que não deparou
com as duas versões anteriores da série no Brasil (pela Cedibra
e Nova Sampa) é a figura do ronin que carrega seu filho. Marcante
e tocante, o paradoxo soa como uma grande metáfora da paternidade.
À primeira vista, um samurai errante precisa de liberdade e de agilidade.
O peso de sua espada seria o máximo que caberia transportar. Levar uma
criança nas costas - e mais: alimentá-la, banhá-la, dedicar-lhe tempo
- soa como um desperdício de energia.
Esse estranhamento é o que seduz de cara. Surgem dúvidas como: por que
esse filho é tão especial? O que terá acontecido para que o samurai tenha
um vínculo tão forte? Será que houve uma tragédia com a mãe? Qual a relação
da ausência da mãe com a vida errante do samurai? E que espécie de sentimento
provoca no protagonista uma reação dessas?
Já nas aventuras iniciais da dupla, o bebê, que surge como fardo, torna-se
um cúmplice de seu pai. O choro da página 26 é o primeiro sinal, mas muitos
outros surgirão ainda no primeiro volume. O resultado, além de emocionante,
é muitas vezes divertido. O menino Daigoro é carismático como só ele e
conquista o leitor de cara.
De resto, por ser o primeiro volume, vale destacar os méritos da Panini
ao trazer a série para o Brasil - e não são poucos. Começando pela capa,
que é de Frank Miller - o criador de Sin City é o maior entusiasta
e, portanto, um grande divulgador do Lobo Solitário no Ocidente.
A opção pelos volumes integrais, seguindo as edições japonesas, e a ordem
de leitura oriental também foram grandes acertos.
Além disso, a editora publicou a série desde o início, diferente da versão
da Cedibra, que começou num ponto mais adiantado da história.
Classificação: