LOBO SOLITÁRIO #6
Título: LOBO SOLITÁRIO #6 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: Kazuo Koike (roteiro) e Goseki Kojima (arte).
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 288
Data de lançamento: Junho de 2005
Sinopse: Mais cinco histórias são reunidas no sexto volume do mangá:
A Lanterna das Almas - Kotomi ensina o jovem Kimpari os códigos da máfia japonesa. Mas, ao deparar sozinho com um grupo de criminosos fugitivos, ele os cumprimenta da forma errada, como se fosse o proprietário da cada de jogos em que trabalha.
Ao descobrir isso, o líder dos criminosos o mata, pois o jovem o fez falar como se fossem do mesmo nível social. Kotomi pede vingança ao seu chefe, que ignora seu pedido por crer que o assassino teve razão.
Então, Kotomi tenta comprar duas lanternas para jogar as almas dele e de Kimpari no rio - uma tradição japonesa. É quando encontra Itto Ogami, que se recusa a vender as lanternas. O final é arrebatador.
Os Vigaristas - Um grupo de vigaristas resolve se passar pelo Lobo Solitário para ganhar o dinheiro de um trabalho e mudar de vida.
A Vila dos Famintos - Daigoro encontra um cãozinho, mas, ao passar por uma vila de famintos, o povo - oprimido pelo senhor feudal - vê o bichinho como comida e pede para comê-lo.
Mas não são apenas os pobres famintos que vão querer o cão: ele será reivindicado também pelo poderoso senhor feudal, que pratica Inuoi (uma espécie de esporte em que samurais treinam caça com cachorros, como os autores detalham na página 124).
Kanjô Satsujin - O Lobo Solitário é convocado por um grupo de samurais para impedir o governo de roubar o ouro descoberto por seus patrões. Durante a missão, o ronin enfrenta os Kurokuwa - que agora prometem parar de fazer vistas grossas e começar a persegui-lo, por vingança.
A Ponte - Queimado por um incêndio provocado por ele mesmo na história anterior, Itto Ogami depende dos cuidados de Daigoro e do reforço de um casal e de um velhinho. Mas, mesmo debilitado, encontra os Kurokuwa, que o lembram que a partir de agora estão no seu pé.
Positivo/Negativo: Todas as histórias desta edição têm um forte tom social, de denúncia das diferenças de classes. Por isso, o artigo As Classes Sociais no Japão de Tokugawa, assinado por Pedro "Hunter" Bouça, é fundamental. Ele está no fim da revista, mas seria bom que o leitor passasse por ele antes das histórias.
O texto visita o período Tokugawa (1603-1868), em que a mobilidade social foi proibida. Quem nascia numa classe estava fadado a ficar nela para sempre: xogum é xogum, comerciante é comerciante e assim vai.
O sexto volume de Lobo Solitário mostra o ronin inserido no contexto. Ele tem seu papel de pária, devido ao meifumadô (o inferno budista) a que se impôs. Mas ainda é um samurai e pertence ao xogum.
Já na primeira aventura, vinga as mortes de Kimpari e Kotomi, mortos porque o líder dos criminosos fugitivos do Shimamura não aceitou ter falado com integrantes de uma classe mais baixa como se fossem iguais.
A Lanterna das Almas apresenta novamente a compaixão do Lobo Solitário em seu meifumadô. Saber-se condenado, com uma vida que não vale nada, dá a Itto Ogami a capacidade de transformar sua fraqueza em força. Ele se sente livre para se defender dos inimigos e proteger quem merece. Sem medo da morte, aproxima-se dela com desenvoltura.
Ao contrário dos heróis norte-americanos, que têm uma missão (Batman precisa ficar vivo para salvar Gotham, o Capitão América tem que defender seu país), Itto Ogami tira seu poder da inexistência de vínculos, que acaba ligando-o a qualquer um que precise de um pouco de justiça.
E, por isso, consegue até negar as lanternas para Kotomi e, algumas páginas depois, soltá-las no rio ele mesmo em nome dos dois inexperientes mafiosos mortos.
Lobo Solitário é daquelas sagas que não é perfeita o tempo todo. Algumas histórias tendem a ser mais comuns que outras. Seu caráter de obra-prima do mangá não vem de uma constância de excelência - como o Buda, de Osamu Tezuka - e sim de alguns momentos de grandeza inacreditável.
É o caso de Kanjô Satsujin, história que fica entre duas seqüências memoráveis. As charadas com estátuas (páginas 162-163 e 216-218) elevam uma bela trama a um nível de beleza ímpar.
Neste volume, ainda há dois pontos a se destacar: o crescimento de Daigoro, que começa a ter mais independência, chegando a empunhar uma espada (como se vê na ilustração de capa de Frank Miller), e o desafio dos Kurokuwa, que, de neutros, tornam-se inimigos poderosos, e prometem incomodar muito daqui para frente.
Classificação: