LOST GIRLS # 1– MENINAS CRESCIDAS
Autores: Alan Moore (roteiro) e Melinda Gebbie (desenhos).
Preço: R$ 65,00
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Maio de 2007
Sinopse: Lost Girls é uma graphic novel erótica que conta as aventuras sexuais de três importantes personagens femininas da literatura infantil da virada do século 19 para o 20: Alice, de Alice no País das Maravilhas e Alice no País do espelho; Dorothy Gale, de O Mágico de Oz e Wendy Darling, de Peter Pan.
Positivo/Negativo: Desde que Alan Moore saiu do circuito mainstream dos quadrinhos, Lost Girls é seu projeto mais audacioso. Esta graphic novel erótica (pornográfica, praticamente) reúne as principais personagens femininas das obras de Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas e Alice no País do espelho), Lyman Frank Baum (O Mágico de Oz) e J. M. Barrie (Peter Pan), já adultas, em 1913, num luxuoso hotel austríaco, onde descrevem e partilham entre si algumas de suas aventuras sexuais, especialmente como cada uma delas descobriu os prazeres da carne.
A idéia pode parecer meio chocante a princípio, sobretudo por essas personagens estarem associadas a histórias infantis, mas é uma grande sacada de Moore. Ele explora o crescimento natural das mulheres associando as narrativas dos seus livros originais às suas experiências sexuais.
Assim, Alice tem uma relação homossexual/narcisista com seu espelho. O sapatinho de cristal de Dorothy é um fetiche que atrai os homens e Wendy, reprimida sexualmente, dá vazão aos seus desejos por meio das sombras dela e de seu marido.
Depois que as três se encontram, passam a dividir suas histórias sobre sexo. E, por mais estranhas e bizarras que elas sejam, exploram coisas comuns que acontecem com garotas em suas iniciações.
Dorothy conta como se masturbou pela primeira vez quando sua casa foi levada por um furacão, Alice narra sua triste história de escapismo com um espelho, enquanto sofria abusos sexuais de um adulto e Wendy relata sua primeira masturbação conjunta com o jovem Peter.
Alan Moore enxerga nas obras originais metáforas sobre o sexo e suas versões são verdadeiras releituras eróticas dos livros. A masturbação de Dorothy durante um furacão a leva a um mundo novo - em O Mágico de Oz, ela é conduzida do Kansas para a terra de Oz por um furacão. Wendy tendo sua iniciação com Peter é uma clara alusão ao primeiro encontro dos dois em Peter Pan, quando o garoto entra voando pela janela de seu quarto. Já a de Alice vai mais além: o autor de Alice no País das Maravilhas era fascinado por jovens meninas e um de seus principais hobbies era fotografá-las. Essa paixão é levada às últimas conseqüências nesta versão do roteirista inglês.
Carroll, na verdade, é o grande inspirador de Alan Moore em Lost Girls. Os delírios do escritor do século 19 permeiam os do século 21. O espelho de Alice é um dos principais elementos da trama, uma espécie de portal metafórico para um mundo de liberdade sexual. Ele, inclusive, faz parte da ilustração da capa do primeiro volume, assim como um exemplar do livro Sylvie e Bruno, obra menos conhecida de Lewis Carroll. Além disso, Alice é a força motriz da trama, pois é o elo com as outras duas e propõe os encontros.
Mesmo com todos esses detalhes, o que mais chama a atenção no álbum são os desenhos e a narrativa gráfica de Melinda Gebbie. Seu traço, aparentemente simples à primeira olhada, revela muitos detalhes da história. A cada curva, a cada reta há alguma nova interpretação para o leitor.
E Gebbie se supera a cada seqüência. Logo no primeiro capítulo, contado inteiro pelo ponto de vista do espelho, a história se desvela diante dos olhos do leitor. Sabendo quando inovar e quando fazer o básico na diagramação dos quadros, a artista faz um desenho que acompanha perfeitamente o ritmo do roteiro, variando de acordo com a personagem que está no foco principal.
Por esses detalhes, depois de ler a HQ, é impossível visualizar Lost Girls no traço de qualquer outro desenhista.
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